A Expo 2020 de US$ 7 bilhões de Dubai pode se tornar um grande elefante branco
Dentro de sete anos, Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, receberá cerca de 70 milhões de turistas para a sua primeira Exposição Mundial, que ocorrerá dentro de uma cidade gigante movida a energia solar. Mas exatamente quão inteligente é investir em uma Expo hoje em dia? E a economicamente volátil cidade de Dubai pode arcar com o custo de US$ 7 bilhões?
Imagem: AP/Kamran Jebreili
Dubai venceu outras três cidades para se tornar a sede da Expo – Ecaterimburgo, na Rússia; Ízmir, na Turquia; e São Paulo. As projeções de como isso poderia ajudar a impulsionar o PIB de Dubai são otimistas: ela pode criar 200.000 empregos e aumentar o PIB da cidade em 1% a cada ano até 2020. Mas as projeções podem estar erradas. Como em muitas outras cidades que receberam Expos, Jogos Olímpicos e Copas do Mundo, o retorno sobre investimento nem sempre foi bom.
Cidades sonham em sediar as Feiras Mundiais (Ou Exposições Mundiais) há quase 200 anos. Entre as que receberam o evento, tivemos vencedoras e perdedoras. Vamos pegar Shanghai, na China, como exemplo. Mais de 70 milhões de turistas visitaram a Expo 2010, o que impulsionou o seu PIB. Por outro lado, a Exposição Mundial de 1984, em Louisiana, nos Estados Unidos, foi desastrosa – a empresa responsável pelo evento foi forçada a declarar bancarrota, prejudicando a economia do estado de Nova Orleans. E, desde então, os Estados Unidos não receberam nenhuma Expo.
Exposição mundial de 1984. Fonte: Wikipedia.
Então sim: para cidades emergentes como Shanghai, a Expo pode atrair novos investidores. Para cidades mais inseguras, pode representar um sério risco. Dubai definitivamente é uma cidade insegura; presa em um cenário perpétuo de bolha/explosão de bolha, há apenas alguns anos sofreu uma grande crise econômica, quando quase honrou sua dívida – em parte, por causa do excesso de imóveis e outras construções feitas durante o boom.
A Expo 2020 pode servir para reacender o ciclo. De acordo com reportagem da Reuters, a candidatura em si acelerou a especulação imobiliária em Dubai, e os preços subiram 20% em relação ao ano passado. O futuro local da Expo 2020 vai adicionar mais novas construções ao mercado – com custo estimado entre US$ 7 bilhões e US$ 9 bilhões ao longo dos próximos sete anos.
Então para onde vão esses bilhões? 45.000 novos quartos de hotel, para começar. Sem contar a expansão do sistema de metrô da cidade (além de ruas, túneis e outros investimentos em infraestrutura). E então temos o local da exposição, com 1,1 milhão de metros quadrados, projetado pelo escritório instalado em Dubai da empresa americana HOK, que trabalhou com uma equipe de design de Populous:
O projeto de quatro frentes exige um enorme dispositivo de painéis fotovoltaicos coberto com tecido:
Nestas copas, estarão expositores de mais de 150 países durante a feira, no que os arquitetos descrevem como “pods de inovação” e “áreas práticas”.
Uma grande questão ainda não respondida envolve quem construirá essas enormes estruturas – e como essas pessoas serão tratadas. Dubai, assim como seu vizinho Qatar, não tem um histórico muito bom quando falamos em direitos humanos para trabalhadores da construção civil. Outro projeto enorme e caríssimo como esse não deve melhorar essa reputação.
E, claro, o que vai acontecer com esses espaços em 2021, quando os turistas voltarem para casa e deixarem a cidade com ainda mais espaços residenciais e comerciais disponíveis? Segundo a HOK, ele se tornará o “Museu do Futuro”.