Abelhas abutres trocam pólen por carniça e espantam cientistas
Em 2019, um grupo de cientistas viajou até as florestas tropicais da Costa Rica, na América Central, para investigar o curioso caso das abelhas abutres. Para encontrar as abelhas carnívoras, eles usaram pedaços de frango cru pendurados em árvores para atrair os curiosos insetos. Deu certo.
A expedição durou 5 dias. Nesse período, os cientistas conseguiram acompanhar abelhas grandes com pernas longas que começavam rapidamente a se aglomerarem na isca. Elas voavam sobre partes do frango cru, e aos poucos iam cortando pedaços da carne. Algumas abelhas levavam a carne embora nas patas traseiras, onde normalmente esse tipo de inseto carrega o pólen. Já outras comiam suas refeições no local.
Você pode assistir abaixo a uma demonstração dessas abelhas em ação.
Existem mais de 20 mil espécies de abelhas conhecidas, mas apenas três espécies alimentam suas larvas com uma dieta inteiramente baseada em carniça.
“A maneira mais fácil de pensar sobre as abelhas é que elas são vespas vegetarianas. Elas evoluíram das vespas. Literalmente, o que as diferenciam das vespas é que elas são vegetarianas. Então, isso é realmente surpreendente”, explicou Jessica Maccaro, doutoranda em entomologia na Universidade da Califórnia, em Riverside, que participou do estudo em entrevista ao site Business Insider.
Vespas costumam comer carne ainda fresca. Afinal, carne podre pode ser foco de doenças graças aos micróbios que tomam conta do cadáver. E algumas bactérias, como a salmonela, podem ser mortais.
Ao capturar algumas dessas abelhas abutres, os pesquisadores analisaram os micro-organismos presentes em seus intestinos para aprender como são capazes de comer carniça. Eles descobriram que as entranhas dessa espécie são mais parecidas com as dos abutres e das hienas do que com as das abelhas comuns.
As bactérias presentes nas vísceras do inseto carniceiro produzem ácidos, como os lactobacilos, que ajudam a combater as toxinas que se formam na carne em decomposição.
“Essas bactérias são semelhantes às encontradas em abutres reais, bem como hienas e outros comedores de carniça, presumivelmente para ajudar a protegê-los de patógenos que aparecem na carniça”, afirma o pesquisador Quinn McFrederick, também da Universidade da Califórnia em Riverside. Apetitoso, não?