Ciência

Absorventes menstruais: revisão alerta para produtos químicos que desregulam hormônios

Revisão sistemática de estudos científicos entre 2013 e 2023 identificou substâncias nos absorventes que alteram funcionamento do sistema endócrino
Imagem: D koi/ Unsplash/ Reprodução

Considerando a periodicidade da menstruação e o tempo que dura cada ciclo durante toda a vida fértil, uma pessoa que menstrua provavelmente vai usar mais de 11 mil absorventes em sua vida. 

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De modo geral, esses itens tocam diretamente a mucosa da vagina, uma região sensível que absorve facilmente aquilo que entra em contato. Os absorventes, por sua vez, contêm diversos componentes químicos que fazem o produto cumprir sua função.

Agora, um novo estudo publicado na revista BJOG: An International Journal of Obstetrics & Gynaecology identificou que muitas dessas substâncias químicas presentes nos absorventes podem afetar a produção hormonal das pessoas que os utilizam.

Entenda a pesquisa

O estudo consistiu na revisão de 15 pesquisas científicas publicadas anteriormente entre 2013 e 2023. As pesquisadoras Joanna Marroquin e Anna Pollack analisaram ensaios que testaram absorventes menstruais nos EUA, Japão e Coreia do Sul.

De modo geral, as pesquisas mediram a presença de substâncias químicas nocivas e também biomarcadores que evidenciaram a exposição das pessoas que utilizavam os produtos.

Segundo as cientistas, a revisão contou com poucos artigos porque ainda há poucas publicações disponíveis sobre o tema.

Na análise, elas descobriram que os absorventes menstruais disponíveis nos Estados Unidos contêm ftalatos, compostos orgânicos voláteis, parabenos, fenóis ambientais, fragrâncias, dioxinas e compostos semelhantes a dioxinas. 

Muitas dessas substâncias são conhecidas como disruptoras endócrinas. Isso significa que os produtos alteram o funcionamento do sistema endócrino humano, ou seja, da produção de hormônios.

Ainda há pouco material com credibilidade científica sobre outros produtos utilizados por pessoas que menstruam, como calcinhas absorventes, coletores e discos menstruais. No entanto, as pesquisadoras esperam que mais cientistas trabalhem com o tema.

“Identificar substâncias químicas em produtos menstruais usados regularmente é importante, porque a exposição pode afetar a saúde reprodutiva de quem usa”, disse Marroquin, autora do artigo.

Por fim, em outubro de 2023, um projeto de leite sobre o assunto foi apresentado na Congresso dos EUA. O Robin Danielson Menstrual Product and Intimate Care Product Safety Act busca estabelecer um programa de pesquisa sobre os danos causados por substâncias químicas em produtos menstruais.

Bárbara Giovani

Bárbara Giovani

Jornalista de ciência que também ama música e cinema. Já publicou na Agência Bori e participa do podcast Prato de Ciência.

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