Parece que o motorista do acidente fatal com o Tesla Autopilot estava vendo um filme
Na semana passada, a Tesla Motors confirmou o primeiro acidente fatal envolvendo o modo Autopilot de seus carros. Joshua Brown faleceu dirigindo em uma rodovia na Flórida em maio, ao atingir um caminhão com semirreboque atravessando a estrada.
Policiais confirmam à Reuters que um DVD player foi encontrado no Model S envolvido no acidente. A touchscreen dos carros da Tesla normalmente não pode reproduzir nenhum tipo de vídeo, para não distrair o motorista.
E Frank Baressi, motorista do caminhão, diz à Associated Press que o carro estava “tocando Harry Potter” no momento do acidente. Ele afirma que o filme “ainda estava tocando quando ele morreu e bateu em um poste de telefone a 400 m da estrada”, mas reconhece que não conseguiu ver imagens do filme, só ouvir o áudio.
Robert VanKavelaar, dono do terreno onde ocorreu o acidente, diz à Reuters que um policial conseguiu ver o filme do Harry Potter passando no DVD player. A polícia diz ao Wall Street Journal que ainda investiga se o DVD player estava sendo usado no momento do acidente.
Diagrama do acidente feito pela Florida Highway Patrol. O V01 é o caminhão; o V02 é o carro da Tesla.
O recurso Autopilot faz com que o veículo dirija sozinho nas estradas, mas pede que o motorista preste atenção e mantenha as mãos ao veículo.
Ainda assim, nem todo mundo faz isso. Joshua gravou diversos vídeos postados no YouTube em que ele ouve podcasts, por exemplo, então é possível que ele tenha se distraído. (Policiais dizem que não foi encontrada nenhuma câmera nos destroços do carro.)
O teto do carro colidiu com o semirreboque, levando o Jalopnik a especular que os carros da Tesla têm um ponto cego acima do capô. O radar fica na grade frontal do veículo, e a câmera fica na parte superior do para-brisas, na frente do espelho retrovisor.
Em comunicado ao Electrek, a empresa de sensores Mobileye – que fornece componentes para a Tesla – disse que sua tecnologia é feita para prevenir batidas na traseira; “este incidente envolveu um veículo cruzando lateralmente, situação para a qual a geração atual de sistemas AEB (freio automático de emergência) não foi projetada”.
Acidente em abril, em Salt Lake City, com o recurso Summon da Tesla (KSL)
Mas em abril, um carro da Tesla já bateu na traseira alta de um trailer em modo Autopilot, sinal de que há um ponto cego acima do capô. (Neste caso, o motorista ativou o recurso Summon, que estaciona o carro de forma automática.) Elon Musk disse no Twitter que o radar “desconsidera o que parece ser uma placa suspensa em um pórtico para evitar eventos falsos de frenagem”.
Como lembra a AP, esta não é a primeira vez que sistemas automáticos de freio apresentam falhas:
Em novembro, por exemplo, a Toyota fez recall de 31.000 carros porque o radar do sistema automático de frenagem confundia articulações de aço e placas suspensas na estrada com obstáculos e acionava os freios. Também no ano passado, a Ford fez recall de 37.000 picapes F-150 porque elas freavam sem nada no caminho. A empresa disse que o radar poderia se confundir ao passar por um caminhão grande e reflexivo.
De acordo com a Tesla, esta é a primeira morte em mais de 200 milhões de quilômetros com o Autopilot ativado. Entre todos os veículos nos EUA, acontece uma morte a cada 150 milhões de quilômetros.
Foto por Tony Gutierrez/AP