Pesquisadores da Universidade de Birmingham, na Inglaterra, associaram os pesadelos na meia-idade a um maior risco de demência na velhice. O estudo completo foi publicado na revista eClinicalMedicine.
Para chegar a tal conclusão, a equipe recorreu a três estudos anteriores que examinaram a qualidade do sono de pessoas e a acompanharam por anos, avaliando também sua saúde cerebral e outros fatores. Havia, no total, dados de 600 adultos de meia-idade, entre 35 e 64 anos, e 2,6 mil idosos com 79 anos ou mais.
Os pesquisadores utilizaram um software para descobrir se as pessoas que tinham pesadelo com mais frequência eram mais propensas a sofrer declínio cognitivo e serem diagnosticados com demência.
O resultado mostrou que sim, aqueles que tinham sonhos angustiantes pelo menos uma vez por semana eram quatro vezes mais prováveis de desenvolver o problema. Para os idosos que acordavam durante a noite após os sustos, a chance de ter demência quando comparados a pessoas que não tinham pesadelos recorrentes era duas vezes maior.
Foram relatadas ainda diferenças entre homens e mulheres. De acordo com o estudo, homens mais velhos que tinham pesadelos semanalmente eram cinco vezes mais propensos a desenvolver demência do que aqueles que não relataram pesadelos. Para as mulheres, no entanto, o risco aumentou apenas 41% entre os grupos.
Cerca de 5% da população adulta tem pesadelos pelo menos uma vez por semana. Os sustos noturnos costumam ser associados ao estresse, ansiedade, privação de sono, entre outros fatores.
Agora, os cientistas propõem a predisposição ao declínio cognitivo como um causador desses sonhos. A equipe sugere que a neurodegeneração no lobo frontal direito do cérebro torna mais difícil para as pessoas controlarem suas emoções enquanto sonham, o que pode levar aos pesadelos.
Conhecer os sinais da doença permite que os médicos rastreiem e acompanhem as pessoas com maiores riscos de desenvolver demência. Assim, os profissionais podem trabalhar para retardar o início do problema ou evitá-lo completamente.