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Água-viva sem cérebro tem capacidade de aprendizagem, mostra pesquisa

Pesquisadores dinamarqueses publicaram um relatório indicando que a espécie de água-viva Tripedalia Cystophora tem a capacidade de aprender com os erros

Imagem: Current Biology/Reprodução

As águas-vivas não têm cérebro, mas isso não significa que não conseguem aprender. Pelo menos é o que afirmam os cientistas da Universidade de Copenhague, na Dinamarca, que investigaram a espécie de água-viva Tripedalia Cystophora.

Elas não têm cérebro e controlam os seus corpos em forma de cubo com uma rede distribuída de neurônios. Mas engana-se quem acha que são seres simples. Os cientistas descobriram que esta rede é mais sofisticada do que se imaginava.

Nas águas ensolaradas das florestas de mangue do Caribe, essa espécie de pequenas águas-vivas vivem entrando e saindo da sombra em busca de proteção e alimento. Para não atingir as raízes da vegetação, elas precisam analisar o ambiente.

Anders Garm, biólogo da Universidade de Copenhague e autor do novo artigo, disse ao jornal The New York Times que sua equipe decidiu se concentrar em um movimento rápido que os animais executam quando estão prestes a atingir a raiz de uma vegetação.

Estas raízes sobem através da água, mas o contraste entre a raiz e a água pode mudar de dia para dia, à medida que o lodo turva a água e torna mais difícil dizer a que distância está uma raiz. O questionamento é como os animais sabem quando estão chegando muito perto?

“A hipótese era que eles precisavam aprender isso”, disse Garm. “Quando regressam a estes habitats, têm de aprender como está a qualidade da água agora? Como o contraste está mudando hoje?”

Pesquisadores publicaram um relatório na revista Current Biology indicando que a espécie de água-viva Tripedalia Cystophora tem a capacidade de aprender.

Como a pesquisa foi feita

No laboratório, os pesquisadores produziram imagens de listras claras e escuras alternadas, representando as raízes dos manguezais e a água, e as usaram para forrar o interior de baldes com cerca de quinze centímetros de largura.

Assim, quando as listras eram totalmente pretas e brancas, representando a clareza ideal da água, as águas-vivas nunca chegavam perto das paredes do balde.

Porém, com menos contraste entre as listras, as águas-vivas imediatamente começaram a esbarrar nelas. Esta foi a chance dos cientistas verem se aprenderiam.

Além disso, depois de algumas colisões, os animais mudaram de comportamento. Menos de oito minutos depois de chegarem ao balde, eles estavam nadando 50% mais longe do padrão nas paredes.

Assim, quase quadruplicaram o número de vezes que realizaram a manobra de meia-volta. Elas pareciam ter feito uma conexão entre as listras à frente deles e a sensação de colisão.

Águas-vivas têm 98% de água

Estudando os neurônios visuais da água-viva, os cientistas descobriram que as células receberam imagens listradas enquanto recebiam um pequeno pulso elétrico para representar a colisão.

Em cerca de cinco minutos, as células começaram a enviar o sinal que faria com que uma água-viva inteira se virasse. “É incrível ver a rapidez com que aprendem”, disse Jan Bielecki, pesquisador e também autor do artigo.

Ele explica que a parte principal da água viva, o corpo, é composto por duas finas camadas de células com material aquoso não vivo entre elas.

Assim, estima-se que, em média, cerca de 98% do corpo destes animais seja composto de água. Daí o nome “água-viva”. E não atoa elas sobreviveram a todas as extinções em massa, essa estrutura simples as permite crescer e comer em maior quantidade sem o ônus de um metabolismo acelerado.

Em resumo, se por um lado a maioria das espécies já existentes no planeta está extinta, esse grupo de de animais já está aí por mais de 600 milhões de anos.

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