Além dos EUA: veja por que o TikTok já foi proibido em 13 países

Desde 2018, TikTok já foi banido por diferentes países do mundo. Motivos vão desde "blasfêmia" até preocupação com segurança de dados
Além dos EUA: veja por que o TikTok já foi proibido em 13 países
Imagem: Focal Foto/Flickr/Reprodução

Enquanto o presidente-executivo do TikTok, Shou Zi Chew, se prepara para enfrentar os legisladores dos EUA na quinta-feira (23), que vão decidir sobre o bloqueio da plataforma  no país, outros Estados já barraram o acesso à rede chinesa há algum tempo. 

Pelo menos 13 países impuseram proibições parciais ou totais ao TikTok desde 2018. São governos que se dizem preocupados com a segurança de dados dos usuários, e temem que a empresa-mãe do TikTok, ByteDance, compartilhe informações com Pequim e, assim, colabore com os interesses comerciais da China. 

No dia 15, os EUA ameaçaram proibir o app em todo o seu território caso a ByteDance não venda sua participação acionária na rede. O TikTok, por sua vez, afirmou que forçar uma mudança na propriedade não resolve as preocupações de segurança nacional. 

“Se proteger a segurança nacional é o objetivo, o desinvestimento não resolve o problema. Uma mudança de propriedade não imporia novas restrições aos fluxos de dados ou acesso”, disse um porta-voz do TikTok ao site Insider

“A melhor maneira de lidar com isso é com a proteção transparente dos dados e sistemas de usuários dos EUA, com monitoramento e verificação robustos de terceiros, que já estamos implementando”, completou. 

Apesar do argumento dos diretores do aplicativo, o governo de Joe Biden já apoiou os projetos de lei apresentados ao Congresso que dão ao presidente mais autoridade para proibir apps estrangeiros em nome da segurança nacional – como é o caso do TikTok.

O Senado dos EUA aprovou em dezembro um projeto que proíbe o app em todos os dispositivos emitidos pelo governo. Enquanto a sanção federal não sai, vários estados, como Ohio e Nova Jersey, proibiram o aplicativo em eletrônicos locais. 

Países e territórios que já bloquearam o TikTok

    • Afeganistão: o Talibã proibiu o acesso total ao aplicativo ainda em abril de 2022. “Para evitar que a geração mais jovem seja enganada”, disseram os líderes. 
    • Austrália: agências governamentais individuais proibiram a instalação em dispositivos oficiais.
    • Bélgica: baniu o app de telefones do governo.
    • Canadá: baniu o app de dispositivos do governo. O motivo: uma análise interna teria mostrado um “nível inaceitável de risco à privacidade e à segurança”. 
    • Dinamarca: baniu o app de telefones do governo.
    • EUA: em fevereiro, a Casa Branca deu um prazo de 30 dias para que as agências federais removessem o TikTok de todos os telefones e sistemas. O Departamento de Justiça e FBI investigam se o app pode estar espionando jornalistas. 
    • Índia: proibiu o TikTok ainda em 2020. Tem relação com uma disputa com a China por um território no Himalaia. 
    • Indonésia: baniu o app em julho de 2018 ao alegar potencial “pornografia, conteúdo impróprio e blasfêmia”. A proibição caiu depois de seis dias, quando o TikTok concordou em derrubar alguns tipos de conteúdo no país. 
    • Nova Zelândia: proibiu o app em dispositivos do governo – o que deve afetar apenas 500 eletrônicos em todo o país. 
    • Paquistão: o governo derrubou o aplicativo por conteúdo inapropriado algumas vezes nos últimos anos. As quedas duraram apenas algumas horas. 
    • Reino Unido: dispositivos do governo não terão mais acesso ao aplicativo. Diz que o motivo é “vulnerabilidade de dados confidenciais”. A BBC também orientou os funcionários a desinstalar o app de seus dispositivos de trabalho. 
    • Taiwan: o território em embate histórico com Pequim proibiu o acesso ao app nos dispositivos do governo ainda em dezembro. Considera estender a proibição.
    • União Europeia: proibiu a instalação do TikTok nos smartphones dos funcionários em fevereiro. 

O que diz o TikTok 

Em um texto prévio compartilhado com os legisladores dos EUA para o escrutínio de quinta-feira (23), o presidente-executivo do TikTok afirma que o app nunca compartilhou e nem compartilhará dados de usuários norte-americanos com o governo chinês. 

“O TikTok nunca compartilhou ou recebeu um pedido para compartilhar dados de usuários dos EUA com o governo chinês”, escreveu. “Nem o TikTok honraria tal pedido se algum fosse feito”. 

Shou afirma que a ByteDance não pertence nem é controlada por nenhum governo ou entidade oficial da China. “Deixe-me afirmar isso de forma inequívoca: a ByteDance não é um agente da China ou de qualquer outro país”, está escrito. 

A rede afirma que gastou mais de US$ 1,5 bilhão em “esforços rigorosos de segurança de dados” no que chamou de “Projeto Texas”.

Discussão antiga

A pressão de Washington sobre o TikTok vem desde o presidente Donald TrumpEm 2020, a a ByteDance tentou, sem sucesso, firmar um acordo com o Walmart e Oracle para transferir os ativos do TikTok nos EUA para uma nova entidade.

Foram mais de dois anos em negociação com o Comitê de Investimentos Estrangeiros nos Estados Unidos para buscar um acordo sobre a proteção de dados dos usuários norte-americanos. 

O TikTok, então, criou uma subsidiária no país, o TikTok US Data Security. Hoje, a filial soma 1,5 mil funcionários e contratou a Oracle para armazenar os dados dos usuários localmente. 

Segundo Shou, a Oracle já começou a inspecionar o código fonte da rede e terá acesso a todos os algoritmos e modelos de dados relacionados para comprovar que nunca houve vazamento de informações para Pequim. 

“Quando o processo estiver concluído, todos os dados protegidos dos EUA estarão sob a proteção da lei dos EUA e sob o controle da equipe de segurança liderada pelos EUA. Sob essa estrutura, não há como o governo chinês acessá-los ou obrigar o acesso a isso”, escreveu. 

Shou afirmou que 60% da ByteDance pertence a investidores globais, como Blackrock, General Atlantic e Sequoia. Ele ainda reiterou que as versões atuais do app não coletam informações de GPS nos EUA. O TikTok reúne pelo menos 150 milhões de usuários norte-americanos. 

Julia Possa

Julia Possa

Jornalista e mestre em Linguística. Antes trabalhei no Poder360, A Referência e em jornais e emissoras de TV no interior do RS. Curiosa, gosto de falar sobre o lado político das coisas - em especial da tecnologia e cultura. Me acompanhe no Twitter: @juliamzps

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