Alemanha tampa a boca: seleções seguem protestando no Catar

Assim como a Alemanha, outras seleções no Catar demonstram contrariedade às leis contra a comunidade LGBTQIA+ e abusos aos migrantes. Confira os protestos
Alemanha tampa a boca: seleções seguem protestando no Catar
Imagem: DFB/Divulgação

Os jogadores da Alemanha cobriram a boca ao posar para a foto da seleção antes de estrear na Copa 2022 nesta quarta-feira (23). O gesto foi um protesto contra a Fifa, que proibiu as equipes de usar braçadeiras com mensagens contra o histórico de direitos humanos do Catar, o país-sede da competição. 

“Foi um sinal do time de que a Fifa está nos amordaçando”, disse o técnico alemão Hansi Flick, depois que seu time perdeu para o Japão por 2 a 1. “Não é uma mensagem política: os direitos humanos não são negociáveis”, escreveu a DFB (Federação Alemã de Futebol) no Twitter. 

Na segunda (21), a Fifa alertou sete seleções europeias de que penalizaria seus jogadores caso usassem os acessórios com a inscrição “One Love” sob o desenho de um arco-íris como símbolo de apoio à diversidade. 

A braçadeira é um protesto às leis que criminalizam a homossexualidade no Catar. Outros protestos contrariam a lei de tutela masculina sobre as mulheres e acusações do país muçulmano ser conivente à cultura de abusos contra trabalhadores migrantes.

Além da Alemanha, outros seis capitães dos times europeus planejavam usar as braçadeiras nos jogos de abertura da Copa. Inglaterra e Holanda chegaram a entrar em campo com os acessórios na segunda-feira, antes da proibição da Fifa. 

Durante o jogo da seleção, a ministra alemã Nancy Faeser, que também é responsável pelos esportes, usou a braçadeira. Ela sentou ao lado do presidente da Fifa, Gianni Infantino, e tuitou uma foto sua usando a hashtag “One Love”. 

Mais protestos no caminho  

Além da Alemanha, países como Dinamarca, Bélgica, EUA e Holanda também pressionaram o Catar contra as denúncias de repressão aos direitos humanos. E todos foram impedidos pela Fifa de se posicionar na segunda-feira. 

A seleção belga, por exemplo, foi impedida de usar camisetas com a etiqueta “Love”. O motivo: suposto vínculo comercial com o festival rave Tomorrowland. Os EUA não puderam usar um logotipo de arco-íris dentro das instalações de treinamento e sala de mídia. 

Tratava-se de sete listras verticais abaixo de EUA, com a frase “Be The Change” (Seja a Mudança, em tradução livre). A equipe passou a usar o ícone em 2020 para inspirar ações de igualdade social. 

A Holanda não pôde usar as braçadeiras com “One Love”, mas decidiu realizar outras ações contra as denúncias de abusos contra migrantes. Todas as camisas usadas pela seleção serão leiloadas e o dinheiro arrecadado irá para trabalhadores migrantes no Catar. 

Além disso, os jogadores se encontrarão com um grupo de 20 migrantes para discutir as condições de trabalho do país. Ele também participarão de um treinamento da seleção holandesa. 

Escudo escondido e bares sem jogos 

Já a seleção dinamarquesa “escondeu” o brasão no traje dos atletas em protesto ao Catar. “Não queremos ser visíveis durante um torneio que custou a vida de milhares de pessoas”, disse a fabricante Hummel. “Apoiamos a seleção dinamarquesa o tempo todo, mas isso não é o mesmo que apoiar o Catar como país anfitrião”.

As 32 seleções que participam da Copa do Mundo precisaram da aprovação da Fifa para seus designs e cores dos três uniformes meses antes do torneio. 

Outros protestos se espalham pelo mundo. A seleção da Austrália divulgou um vídeo pedindo que o Catar abolisse as leis que proíbem a comunidade LGBTQIA+. Na França, Paris e outras cidades não vão exibir os jogos em áreas públicas. O mesmo ocorre em diversas cidades da Espanha. 

Julia Possa

Julia Possa

Jornalista e mestre em Linguística. Antes trabalhei no Poder360, A Referência e em jornais e emissoras de TV no interior do RS. Curiosa, gosto de falar sobre o lado político das coisas - em especial da tecnologia e cultura. Me acompanhe no Twitter: @juliamzps

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