Aluguel automático de bicicletas está prestes a virar realidade em São Paulo
Várias cidades europeias têm um sistema de empréstimo automático de bicicletas. Funciona assim: a estação de aluguel da bike tem uma máquina, onde você paga pelo empréstimo, e uma barra, onde ficam presas as bicicletas. Elas são liberadas pela máquina mediante pagamento – não tem ninguém mediando o empréstimo, tudo é automático. Existem várias estações como essa pela cidade: você anda com a bicicleta e depois pode devolvê-la em outro posto. Nós adoramos o sistema de Barcelona, por exemplo. E São Paulo está prestes a ganhar um sistema assim, graças a dois alunos da Universidade de São Paulo.
Conversei com Mauricio Villar, que, junto a Maurício Matsumoto, teve a ideia que levou ao PedalUSP. Eles são formados em engenharia mecatrônica pela USP e fizeram intercâmbio na França. Eles moraram em cidades que ofereciam o sistema de empréstimo automático de bicicletas, e resolveram fazer seu trabalho de conclusão de curso na área, bolando um sistema que funcionasse no Brasil. E graças ao Propesc, programa que busca, na própria USP, projetos e ideias na área de sustentabilidade, o TCC começou a virar realidade.
O projeto demonstrou em agosto seus primeiros protótipos na Cidade Universitária, zona oeste de São Paulo – e, de acordo com o Mauricio, teve receptividade acima do esperado. Um dos protótipos segue abaixo:
O sistema deve ser instalado na USP a partir de janeiro de 2011, ainda em caráter experimental. Serão apenas duas estações com quatro bicicletas, número que deve crescer para dez estações e cem bicicletas com a expansão do projeto, sem data definida.
O Mauricio conta que, como a ideia é que a bike seja usada para trajetos curtos – da aula para o almoço, por exemplo – o empréstimo será gratuito por apenas 20 minutos. Se o usuário não a devolver nesse período, ficará um ou mais dias sem poder pegar bicicletas emprestadas. Só haverá multa em dinheiro (de R$300) se a bicicleta não for devolvida em 24 horas. Mas, diz Mauricio, estes critérios podem mudar à medida que o projeto é implementado.
Para evitar que bicicletas sejam furtadas, elas contam com chip identificador (não é GPS!), que mostra quem está com a bicicleta ou em qual estação ela se encontra. As bikes serão diferentes das comerciais, para não retirarem peças dela (como o banco). E deu-se atenção especial à trava eletromecânica da bike, que a prende na estação. As estações de empréstimo também têm câmeras de segurança e estão localizadas em locais estratégicos: tanto de fácil acesso para os usuários, como próximos a guaritas da universidade.
Inicialmente, segundo Villar, o sistema será exclusivo para alunos, funcionários e docentes da USP. Além disso, as bicicletas só poderão ser usadas dentro do campus – novamente, a ideia é usá-las para trajetos curtos. Com mais recursos, o sistema poderá ser expandido, aberto para quem não é ligado à USP, e inclusive ser integrado à estação de trem próxima à universidade. Para implementar e expandir o PedalUSP, que tem custo estimado de R$500 mil, os coordenadores do projeto buscam parceiros e patrocinadores. O Mauricio me disse que eles já estão em conversas com a iniciativa privada, e a própria USP pode financiar parte do projeto.
Já existem iniciativas semelhantes a esta em outras cidades, como Rio de Janeiro, Blumenau e João Pessoa. Então esperamos que o PedalUSP seja ampliado e inspire iniciativas semelhantes em São Paulo: afinal, como pode confirmar o próprio Pedro – que vai pra sede do Gizmodo Brasil, no centro da cidade, de bicicleta – andar de bike em Sampa é, sim, possível. [Pedalusp; Imagens: Divulgação]