Ciência

Anastrozol: como age a pílula para prevenir câncer de mama

Agência reguladora da Inglaterra aprovou um novo uso do medicamento: agora com foco na prevenção do câncer de mama. Saiba mais detalhes.
Imagem: Anna Tarazevich/ Pexels/ Reprodução

O Anastrozol, medicamento já utilizado no tratamento do câncer de mama, também apresenta benefícios na prevenção da doença. Ensaios clínicos recentes mostram que ele foi capaz de reduzir em 50% a incidência de câncer de mama em mulheres que já passaram da menopausa e têm risco moderado ou alto de desenvolver a condição.

Especialistas indicam que isso representa um grande avanço para mulheres com histórico significativo da doença na família. Agora, países europeus buscam estender a licença do medicamento para que ele também possa ser prescrito com objetivo de prevenção.

Como funciona o medicamento

De modo geral, o Anastrozol funciona bloqueando uma enzima chamada aromatase com o objetivo de reduzir o hormônio estrogênio. Para prevenção do câncer de mama, ele deve ser tomado por cinco anos, com um comprimido de 1mg uma vez ao dia.

Segundo especialistas, o efeito protetor do Anastrozol dura anos após a mulher parar de tomar o medicamento.

Outra droga também já é utilizada como tratamento preventivo: o tamoxifeno. Contudo, além de ser mais eficiente na redução de incidência do câncer de mama, o Anastrozol também oferece menos efeitos colaterais.

Isso porque o tamoxifeno preocupa especialistas sobre os riscos de coágulos sanguíneos e desenvolvimento de câncer endometrial. Por enquanto, o Anastrozol não apresentou estes efeitos colaterais.

Ainda assim, o que o medicamento pode gerar como consequência são alguns sintomas parecidos com a menopausa. Por exemplo, ondas de calor, sensação de fraqueza, dor ou rigidez nas articulações, náusea, dor de cabeça, osteoporose podem ser efeitos colaterais do remédio.

Aprovação na Inglaterra

O uso do Anastrozol como prevenção ao câncer de mama foi aprovado na Inglaterra na última segunda-feira, pela Agência Reguladora de Produtos de Saúde e Medicamentos (MHRA, na sigla em inglês). A agência equivale à Anvisa no Brasil.

A nova medida faz parte do programa de reaproveitamento de medicamentos do NHS (National Health Service), que é o sistema de saúde pública do país. Agora, especialistas esperam que o Anastrozol ajude a prevenir cerca de dois mil casos de câncer de mama na Inglaterra.

Se isso acontecer, o NHS economizará ao menos £15 milhões (pouco mais de R$90 milhões, em conversão direta) em custos de tratamento para a doença.

Este cenário considera que apenas um quarto das mulheres elegíveis ao medicamento irão buscar este tratamento. Mas cerca de 290 mil mulheres se encaixam nos parâmetros e podem ser beneficiadas, segundo estimativa do governo inglês.

Para receber o tratamento na Inglaterra, uma mulher precisa apresentar risco elevado de desenvolver o câncer de mama. Se for o caso, ela deve buscar um médico, que pode encaminhá-la a um especialista para uma avaliação completa de risco, levando em consideração o histórico familiar.

De acordo com a BBC, o País de Gales informou que o Anastrozol já está sendo prescrito “de acordo com suas utilizações existentes e novas licenças”. Além disso, autoridades de saúde na Escócia também estão analisando a eficácia de fornecer o medicamento à sua população.

No último consenso de controle de câncer de mama no Brasil, em 2004, a quimioprevenção não foi incluída. Um documento do INCA (Instituto Nacional ) afirma que para incorporá-la ao SUS, é preciso discutir e aprovar em um próximo consenso.

Bárbara Giovani

Bárbara Giovani

Jornalista de ciência que também ama música e cinema. Já publicou na Agência Bori e participa do podcast Prato de Ciência.

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