Ciência

Ancestrais humanos quase foram extintos, sugere estudo chinês

Pesquisa indica que eventos climáticos fez com que ancestrais dos humanos modernos vivessem um colapso populacional há 930 mil anos
Imagem: Wikimedia Commons/ Reprodução

A população mundial atingiu recentemente a marca de 8 bilhões de pessoas. Com este número, é difícil imaginar um mundo não habitado por humanos. Mas um novo estudo chinês descobriu que a nossa espécie chegou muito perto de não se desenvolver, sendo quase totalmente extinta.

Segundo a pesquisa, há evidências de que há 930 mil anos houve uma queda populacional massiva. O motivo? Uma mudança drástica no clima.

Depois disso, sobraram cerca de 1.280 indivíduos reprodutores – um número super baixo, que demorou cerca de 100 mil anos para voltar ao volume anterior. A esse período, os pesquisadores chamam de gargalo populacional. 

“Cerca de 98,7% dos ancestrais humanos foram perdidos no início do gargalo, ameaçando assim nossos ancestrais com a extinção”, escreveram os cientistas no estudo publicado na revista Science.

Entenda a pesquisa

Para investigar a origem humana, os autores do estudo buscaram respostas nos genes. Um dos métodos utilizados para ler essa história se chama FitCoal (Coalescência de Tempo Infinitesimal Rápida). Ele permitiu que os cientistas dividissem a história humana em fatias finas de tempo.

Isso, por sua vez, viabilizou a criação de um modelo de um milhão de anos de evolução, dividido em períodos de meses.

Em geral, os pesquisadores compararam os genomas de 3.154 pessoas de 50 populações ao redor do mundo. Então, exploraram vários modelos para encontrar um que melhor explicasse a diversidade genética atual entre os seres humanos.

Usando como base a quantidade de indivíduos reprodutivos, a teoria do gargalo populacional foi o cenário encontrado que se mostrou mais plausível.

No estudo, os pesquisadores ainda observaram a diferença em pares de cromossomos. A maioria dos macacos tem 24 pares, enquanto os seres humanos modernos têm apenas 23 pares. 

“Todos os humanos com 24 pares de cromossomos se extinguiram, enquanto apenas a pequena população isolada com 23 pares de cromossomos sobreviveu e passou de geração em geração”, disse Ziqian Hao, um dos autores do estudo, ao New York Times.

Dúvidas da comunidade científica

Outros especialistas da área concordam que o cenário é possível, mas ainda estão um pouco céticos. Para eles, a diversidade genética atual pode ter sido produzida por uma história evolutiva diferente. Por isso, acreditam que é importante testar modelos alternativos.

Mas os autores do novo estudo alegam que o gargalo populacional é consistente com o registro fóssil dos ancestrais humanos. Isso porque as evidências de parentes humanos antigos ainda são relativamente escassas na África no período entre 950 mil e 650 mil anos atrás. 

Segundo os cientistas chineses, de acordo com o gargalo populacional, simplesmente não havia pessoas suficientes para deixar muitos rastros.

Contudo, isso também é colocado à prova por outros pesquisadores, uma vez que vários restos de parentes humanos antigos datados da época do gargalo populacional foram encontrados fora da África. 

Para eles, se uma catástrofe mundial causou o colapso da população humana na África, isso deveria ter tornado os ancestrais humanos mais raros em outros lugares do mundo.

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Bárbara Giovani

Bárbara Giovani

Jornalista de ciência que também ama música e cinema. Já publicou na Agência Bori e participa do podcast Prato de Ciência.

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