Ciência

Anticoncepcional masculino: estudo em ratos sugere mais uma opção

Sem envolver hormônios, possível anticoncepcional masculino funciona bloqueando enzima relacionada à produção de espermatozóides. Saiba os detalhes
Imagem: Shruti Mishra/ Unsplash/ Reprodução

Enquanto um anticoncepcional masculino em gel e uma pílula não hormonal avançam etapas de pesquisa, cientistas testam mais uma possibilidade de contraceptivo para homens. A aposta da vez é uma classe de medicamentos que inibe uma enzima essencial para a produção de espermatozoides.

Até agora, os testes foram feitos apenas em ratos de laboratórios. Os resultados da pesquisa norte-americana foram publicados na revista PNAS (Proceedings of the National Academy of Sciences). 

Como funciona

O medicamento utilizado como anticoncepcional masculino é o MS-275, um inibidor oral da enzima HDAC (histona desacetilase). 

Em geral, os espermatozóides se formam a partir de células-tronco que amadurecem nos testículos. Para isso, elas recebem um sinal: o ácido retinóico, produto da vitamina A. Então, receptores dessa substância se ligam a uma proteína que recruta a HDAC para sincronizar a expressão de genes que produzem espermatozoides.

Dessa forma, ao utilizar o medicamento que bloqueia a HDAC, os pesquisadores puderam interromper a produção de espermatozóides em ratos de laboratório. Ainda assim, eles não enfrentaram efeitos colaterais, de forma que apresentavam níveis normais de testosterona.

Infertilidade reversível

Para os cientistas, “é tudo uma questão de timing”. Com o experimento, eles concluíram que o possível anticoncepcional masculino não danifica o processo de produção de espermatozoides.

Isso porque, mesmo sob uso do medicamento MS-275, células-troncos que geram o esperma continuaram se regenerando. Assim, quando o uso foi interrompido por 60 dias, as células puderam recuperar sua capacidade de se diferenciar em espermatozóides maduros e os animais recuperaram a fertilidade.

“Quando adicionamos o medicamento, as células-tronco saem de sincronia com os pulsos de ácido retinóico, e a produção de espermatozoides é interrompida. Mas assim que retiramos o medicamento, as células-tronco podem reestabelecer sua coordenação com o ácido retinóico e a produção de espermatozoides recomeçará”, explica Michael Downes, um dos autores da pesquisa.

Bárbara Giovani

Bárbara Giovani

Jornalista de ciência que também ama música e cinema. Já publicou na Agência Bori e participa do podcast Prato de Ciência.

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