Pessoas solitárias tendem a humanizar dispositivos tecnológicos, aponta estudo

Namorar algo que não é vivo elimina instantaneamente alguns dos problemas dos relacionamentos. Porém há um grande inconveniente: coisas não são pessoas.

Se atualmente você está solteiro, se apaixonar por um objeto inanimado talvez pareça uma solução óbvia. Sejam 15 brinquedos infláveis ou um celular potencialmente explosivo, namorar algo que não tem vida elimina instantaneamente alguns dos problemas mais complicados dos relacionamentos. Está preocupado em não ser correspondido? Não é um problema. Tem medo de ser deixado? Não vai acontecer.

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Existe, no entanto, um grande inconveniente: aparelhos, mesmo aqueles superbizarros que andam por aí e podem até te abraçar, não são pessoas. Pelo menos é nisso que os pesquisadores da Universidade McGill no Canadá querem que você acredite.

Num estudo publicado na Psychological Science, a equipe de especialistas recriou um experimento com descrições de quatro dispositivos tecnológicos para ver como a solidão influencia nossa tendência de antropomorfizar – atribuir formas ou características humanas – esses objetos.

Como esperado, pessoas que se sentiam socialmente desconectadas ou inseguras tinham mais chances de dar características humanas a dispositivos como o “Pillow Mate” (um travesseiro com forma humana que pode ser programado para “abraçar”). Do Vocativ:

Eles pediram aos participantes que fizessem a leitura das descrições de quatro diferentes dispositivos, incluindo o Clocky, um alarme com rodas que se afasta de você quando é desativado. O grupo então respondeu a uma série de perguntas que tinham como objetivo avaliar a tendência dos participantes a antropomorfizar os dispositivos – por exemplo, ao dizer que o Clocky tinha “uma mente própria” ou “vontade própria”.

Os pesquisadores identificaram uma forte associação entre a solidão e a tendência de humanizar objetos. Essa ligação com antropomorfização era ainda mais forte quando se tratavam de pessoas com ansiedade de apego, que, como o estudo coloca, é “um intenso desejo e preocupação com a proximidade, o medo de abandono e a hipervigilância dos comportamentos sociais.” Aqueles que foram lembrados sobre relações próximas antes de avaliar os objetos tinham menos chances de humanizá-los.

“Embora o antropomorfismo seja uma das formas mais criativas das pessoas tentarem satisfazer suas necessidades, é difícil ter um relacionamento com um objeto inanimado”, avisa os pesquisadores. “A dependência dessa estratégia compensatória pode fazer com que pessoas desconectadas evitem os passos mais arriscados – porém potencialmente mais gratificantes – de estabelecer novos relacionamentos com pessoas reais.”

É o que eles dizem, é claro. Mas talvez eles simplesmente ainda não conheceram o smartphone certo.

[Vocativ]
Imagem: AP.

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