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Apesar dos últimos estudos, fumar maconha não ajuda a evitar a Covid

Uma pesquisa recente mostrou que os compostos do cânhamo podem neutralizar o coronavírus em uma placa de Petri. Entenda por que é preciso ter cautela com a informação

Maconha Covid

Imagem: Hector Vivas/Getty Images/Reprodução

Um novo estudo indicando que os componentes presentes na cannabis podem impedir que o coronavírus infecte células chamou a atenção na internet nesta semana.

Vale acompanhar a descoberta, mas é cedo para as pessoas se animarem com a notícia, já que os cientistas foram bem claros que o simples ato de fumar ou ingerir a cannabis não tornará ninguém à prova de Covid.

O estudo foi conduzido por pesquisadores da Universidade do Estado de Oregon e da Universidade de Saúde e Ciência de Oregon, ambas americanas.

Eles estavam estudando compostos químicos encontrados em plantas que, em teoria, poderiam se ligar à proteína spike do Sars-CoV-2 e inibir sua capacidade de infectar células humanas.

A equipe identificou dois componentes em potencial provenientes do cânhamo (Cannabis sativa): o ácido canabigerólico, ou CBGA, e o ácido canabidiólico, ou CBDA. Os pesquisadores então fizeram mais testes em laboratório e descobriram que ambos os canabinóides pareciam realmente impedir o coronavírus de infectar células humanas normalmente vulneráveis a ele.

Além disso, os componentes pareciam funcionar igualmente bem contra as variantes Alfa e Beta do coronavírus. 

“Disponíveis para serem ingeridos ou inalados e com uma longa história de uso humano seguro, esses canabinóides, isolados ou em extrato de cânhamos, têm potencial para prevenir e tratar a infecção por Sars-CoV-2,” escreveram os autores em artigo publicado nesta terça-feira (11) no Journal of Natural Products.

Encontrar uma forma de inibir o coronavírus, mesmo que por um curto período de tempo, é uma meta valiosa em que muitos cientistas têm trabalhado. Esses tratamentos, por exemplo, podem ser usados para proteger pessoas imunocomprometidas em situações de alto risco, como durante uma onda de casos. Sendo assim, essa pesquisa com certeza deve seguir. 

É só o começo desse processo

Mas experimentos em placas de Petri são apenas o começo do processo de pesquisa. Para cada mistura promissora que vira um medicamento ou vacina eficaz, há muitas outras que falham e não mostram resultados ao serem testadas em animais ou humanos.

Isso aconteceu durante a pandemia de Covid-19 com drogas como a hidroxicloroquina. Ela pareceu eficaz no combate ao vírus em laboratório, mas não em pacientes da vida real. Claro, isso não significa que o CBGA e CBDA vão necessariamente falhar – apenas significa que nós devemos moderar nossas expectativas frente a qualquer medicamento experimental. 

Mesmo que estes componentes funcionem contra a Covid-19, não há chances de obter seus benefícios fumando ou comendo. Tanto o CBGA quanto o CBDA são precursores do CBG e do CBD, encontrados na cannabis que as pessoas consomem de forma recreativa ou medicinal.

Mas estes canabinóides não geram o mesmo efeito obtido pelos pesquisadores em testes. Ou seja, você teria que usar extratos de cânhamo que não te deixariam chapado para obter qualquer proteção teórica.

E mesmo assim, ainda não está claro como você manteria níveis altos o suficiente desses componentes em seu trato respiratório para obter o efeito visto em laboratório.

Essas descobertas são definitivamente intrigantes, e o fato de os pesquisadores não terem conseguido continuar estudando o THCA-A é mais uma razão pela qual a posição do governo federal sobre a cannabis é antiquada e contraproducente.

Mas embora a maconha seja boa para muitas coisas, ela infelizmente não é uma cura pandêmica.

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