Nesta terça-feira (24), foi feita uma cerimônia em Le Havre, na França, para oficializar a devolução de 998 fósseis retirados ilegalmente do Brasil. As peças, que datam do período Cretáceo, devem chegar ao país em cerca de 15 dias.
Os fósseis, que têm entre 65 e 145 milhões de anos, foram encontrados em 2013 por funcionários da alfândega francesa. Os trabalhadores estavam inspecionando cargas no porto de Le Havre quando se depararam com 650 placas da Formação Crato, no Ceará. Elas envolvem fósseis de crustáceos, insetos e plantas e 348 nódulos de peixes, pterossauros, tartarugas e outros animais fossilizados em cobertura de argila.
Os fósseis foram autenticados pela perícia francesa, que confirmou a fraude. Desde então, o Ministério Público Federal (MPF) negocia com a Justiça francesa para reaver os bens. Agora, o lote deve ser encaminhado ao Museu de Paleontologia Plácido Cidade Nuvens da Universidade Regional do Cariri (Urca), em Santana do Cariri, no Ceará.
Os traficantes tinham como objetivo vender as peças retiradas da Bacia do Araripe na internet. De acordo com a Folha de S. Paulo, este não é um golpe inédito: em 2014, Taissa Rodrigues, professora da Universidade Federal do Espírito Santo, recebeu a informação de que fósseis brasileiros estariam sendo vendidos no site eBay. Havia, no total, 46 peças, que também foram repatriadas pela França em 2019.
A luta dos paleontólogos ainda não acabou. Como informou o G1, só na França, há ainda dois casos em tramitação que envolvem fósseis de pterossauros, tartarugas marinhas, aracnídeos, peixes, répteis, insetos e plantas. Há também ações sendo movidas na Alemanha, Espanha, Portugal e Coréia do Sul.