
Após cúpula do G7, países mais ricos vão definir regras comuns de IA

Líderes do G7, o grupo dos sete países mais industrializados do mundo, já se movimentam para criar um grupo de trabalho que vai estabelecer padrões comuns para ferramentas de IA (Inteligência Artificial), como o ChatGPT.
As discussões devem começar ainda neste ano, disse o comunicado lançado no sábado (20), durante a cúpula do G7 na cidade japonesa de Hiroshima.
A OCDE, da qual o Brasil é parceiro-chave, e a GPAI (Parceria Global de Inteligência Artificial) entram como cooperadores. A iniciativa recebeu a alcunha de “Processo de IA de Hiroshima”.
Embora existam divergências sobre a regulação da IA, o grupo busca um balanço imediato das oportunidades e desafios da IA generativa. No documento conjunto, representantes dos EUA, Alemanha, Canadá, França, Itália, Japão e Reino Unido, além da UE (União Europeia), disseram que concordam com a necessidade de definir regras globais “de acordo com valores democráticos compartilhados”.
Eles também afirmam que a governança não acompanhou o ritmo acelerado do desenvolvimento da tecnologia. Eles chamam todas as nações a avaliar o impacto da IA regionalmente.
“Reconhecemos a necessidade de fazer um balanço imediato das oportunidades e desafios da IA generativa, que é cada vez mais proeminente em países e setores”, diz o texto.
A partir disso, os representantes encarregaram os ministros de cada país a estabelecer discussões sobre o assunto até o final do ano.
Além disso, o debate deve incluir tópicos como propriedade intelectual, governança, direitos autorais, transparência, desinformação, uso responsável de tecnologias e respostas à manipulação de informações estrangeiras.
Um relatório com as conclusões do grupo de trabalho do G7 sobre IA deve ser publicado até o final de 2023.
Pano de fundo
O acordo em definir regras mais claras para a IA vem na esteira das negociações da UE para regulamentar essas ferramentas. O conjunto de países europeus criou uma lei sobre o assunto e espera chegar a um acordo sobre o tema neste ano.
“Queremos que os sistemas de IA sejam precisos, confiáveis, seguros e não discriminatórios, independentemente de sua origem”, disse Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia.
No começo de abril, centenas de especialistas e autoridades em tecnologia assinaram uma carta que pedia uma pausa de seis meses no desenvolvimento de IA. Segundo o texto, essas ferramentas têm potencial para provocar uma mudança profunda na história e estão sendo desenvolvidas sem transparência.
As discussões levaram em consideração o que disse Sam Altman, CEO da OpenAI, ao Senado dos EUA, na última terça-feira (16). O desenvolvedor do ChatGPT defendeu a urgência em regular a IA. “É crucial”, disse ele.
Por outro lado, o rápido desenvolvimento dessas ferramentas já fez com que a China criasse mecanismos de regulação aos sistemas. O Reino Unido também já começou a projetar regulamentações para o uso seguro de IA. No começo de maio, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD), também protocolou um projeto de lei para a regulação no Brasil.