Apple bloqueou WordPress e queria obrigá-lo a colocar compras no app, mas voltou atrás

A Apple parece estar querendo muito o título de empresa de tecnologia mais odiada do mundo. Muita gente já está revoltada com as políticas da App Store, e esse grupo ganhou mais um membro: o fundador do WordPress Matt Mullenweg disse no Twitter na sexta-feira (21) que a Apple estava se recusando a aprovar atualizações […]
Imagem: WordPress

A Apple parece estar querendo muito o título de empresa de tecnologia mais odiada do mundo. Muita gente já está revoltada com as políticas da App Store, e esse grupo ganhou mais um membro: o fundador do WordPress Matt Mullenweg disse no Twitter na sexta-feira (21) que a Apple estava se recusando a aprovar atualizações para o aplicativo do WordPress para iOS se ele não tivesse compras no aplicativo. A Apple recebe uma comissão de 30% dessas compras, naturalmente. Depois de muitas críticas, porém, a empresa voltou atrás e se desculpou.

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Era tão absurdo que vale a pena repetir: a Apple, uma empresa que vale mais de US$ 2 trilhões de dólares (trilhões com t, veja bem), quer que o WordPress adicione compras no aplicativo ao seu serviço gratuito de construção e gerenciamento de sites para que ela possa ganhar ainda mais dinheiro. Esse é o tipo de postura supercapitalista que eu esperava de um vilão em algum romance distópico para adolescentes, mas parece que é a realidade mesmo.

“Avisando por que as atualizações do @WordPressiOS sumiram… fomos bloqueados pela App Store. Para poder enviar atualizações e correções de bugs novamente, tivemos que nos comprometer a adicionar suporte a compras no aplicativo para planos .com”, Mullenweg tuitou na sexta-feira (21).

O WordPress, que está por trás de mais de um terço dos sites do mundo, vende nomes de domínio e pacotes para sites em sua versão para desktop, mas essas opções pagas não estão disponíveis no aplicativo para iPhone e iPad, o que limita os usuários a um nome de domínio WordPress gratuito e 3 GB de espaço. Para satisfazer as condições da Apple, o WordPress teria que adicionar compras dentro do aplicativo para seus planos pagos nos próximos 30 dias, Mullenweg disse à CNET.

Quando contatada para comentar, a Apple indicou ao Gizmodo as diretrizes de análise da sua loja de aplicativos. Eles exigem que todos os aplicativos que oferecem serviços pagos ou conteúdo incluam compras no aplicativo, que também devem ser processadas por meio do sistema de pagamento da Apple (dessa forma, ela pode cobrar 30% do valor pago).

Dado que o WordPress é um serviço multiplataforma, tudo o que ele oferece em seu site ou outras plataformas móveis também deve estar disponível no aplicativo iOS, disse um porta-voz da empresa por e-mail. A Apple confirmou que aprovou a atualização mais recente do aplicativo, entretanto, e está trabalhando com a WordPress para torná-lo compatível com os termos da App Store.

Depois de 24 horas de críticas, porém, a Apple emitiu um raro pedido de desculpas oficial no sábado (22) e disse que o WordPress não será forçado a adicionar compras dentro do aplicativo. A declaração enviada por e-mail da Apple diz:

Acreditamos que o problema com o aplicativo WordPress foi resolvido. Uma vez que o desenvolvedor removeu a exibição de suas opções de pagamento de serviço do aplicativo, agora é um aplicativo gratuito e não precisa oferecer compras no aplicativo. Informamos o desenvolvedor e pedimos desculpas por qualquer confusão que causamos.

Seu pedido de desculpas tenta, de modo esperto, colocar a responsabilidade no WordPress, como se fosse o desenvolvedor tivesse consertado um erro e não a Apple. Mas o fato é que, mesmo antes de a Apple bloquear o app, já não havia nenhuma maneira de acessar os planos pagas do WordPress no aplicativo iOS, pelo menos não em sua versão mais recente.

Por que a Apple resolveu criar caso com um dos serviços gratuitos mais usados ​​da web justamente neste momento está além da minha compreensão. Sua comissão de 30%, que vem sendo chamada de “o imposto da Apple”, tem sido criticada nas últimas semanas após um processo antitruste da Epic Games que parece coisa de cinema.

A reclamação (que também inclui o Google) veio depois de o jogo Fortnite ser banido da Google Play Store e da Apple App Store por oferecer aos jogadores uma maneira de comprar itens diretamente do site do desenvolvedor, ignorando assim o sistema de pagamento de cada empresa e deixando de pagar as comissões.

Embora a Play Store do Google também exija uma fatia de 30% da receita das compras no aplicativo, o ecossistema aberto do Android permite que os desenvolvedores de aplicativos usem outra loja se preferirem não pagar esse pedágio, uma opção que o jardim murado da Apple não tem. Com a Apple, assim que você entrar em conflito com as políticas da loja de aplicativos, os desenvolvedores podem se adequar aos padrões da empresa ou dizer adeus.

Várias outras empresas de tecnologia, incluindo Facebook, Spotify e o Match Group, dono do Tinder, desde então saíram em defesa da Epic Games e criticaram o imposto da Apple. Uma organização comercial que representa dezenas de importantes veículos de mídia e editores juntou-se às suas fileiras ontem, enviando uma carta ao CEO da Apple, Tim Cook, pedindo para renegociar um acordo melhor para seus aplicativos iOS, visto que a Apple já abriu uma exceção antes, embora com um dos outros as empresas mais ricas do planeta, a Amazon.

A Apple foi rápida para recuar nessa. Pelo menos eles perceberam que tentar ganhar dinheiro em cima de um aplicativo gratuito não era uma batalha que valia a pena encarar, especialmente quando há outros incêndios de repercussão negativa para apagar.

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