Como usuário do Android, às vezes me sinto derrotado depois de assistir a um evento da Apple, especialmente quando há novos dispositivos vindo aí, como é o caso do iPad Pro. Isso me lembra que existem poucas alternativas viáveis na terra do robozinho verde.
Os tablets Android estão em um estado deprimente. Mesmo aqueles que valem a pena comprar não são tão chamativos ou capazes de alcançar o desempenho do dispositivo que a Apple anunciou esta semana. O preço inicial do novo iPad Pro de US$ 799 também não é tão exorbitante nos Estados Unidos (N.T: no Brasil, por R$ 10.799, é muito caro!). E com a adição do chip M1, suporte para redes 5G e uma câmera frontal ultra-angular de 12 MP com recurso Center Stage (mais suporte LiDAR na parte de trás), confesso que estou sentindo muita inveja de quem vai ter um aparelho desses.
Então, o que um usuário do Google deve fazer se quiser um tablet sem iOS? Esperamos que o Google revele um processador próprio para a nova geração de dispositivos Pixel. Os últimos rumores indicam que os smartphones serão a primeira a ser equipada com a CPU Whitechapel “GS101” do Google. Isso não significa necessariamente que a companhia lançaria com sucesso um matador de iPad. Mas ajudaria a facilitar alguns dos outros tropeços do ecossistema e talvez pavimente o caminho para o que poderia ser um tablet Android que você gostaria de comprar — talvez até um tablet Android que você consideraria em vez do iPad.
Processador Pixel
O Google já moldou o Pixel em sua visão, mas tem menos controle sobre os componentes dentro dos smartphones. Ele vem equipado com os chips Snapdragon da Qualcomm desde os primeiros dispositivos Pixel, e é por isso que os Pixels 2, 3, 4 e 4a tinham um Visual Core ou Neural Core adicionado para ajudar o telefone a processar funções de inteligência artificial e fotos de alta resolução.
No entanto, não há necessidade de adicionar o poder de processamento extra se ele já estiver integrado. Como aponta o Android Intelligence, construir o chip Pixel internamente significa que ele seria desenvolvido especificamente para o que o dispositivo foi feito:
“Da forma como está agora, o Google depende de empresas como a Qualcomm para fornecer essa estrutura e determinar muito do que pode fazer com seus produtos Pixel. E para uma empresa que se concentra em áreas como aprendizado de máquina e um serviço de assistente sempre atento, isso cria algumas limitações sérias com os tipos de experiências que é capaz de fornecer.”
Desenvolver um “chip Pixel” especificamente para hardware da marca Pixel também ajudaria a prolongar a vida de alguns dispositivos mais antigos.
Suporte estendido
As classificações de satisfação do cliente da Apple estão nas alturas — em parte porque ela oferece suporte a dispositivos mais antigos, permitindo que as pessoas tenham mais tempo antes de atualizar seus aparelhos. O iOS 14, por exemplo, é compatível com o iPhone 6S, que já tem quase seis anos.
Imagine ver esse tipo de suporte de longo prazo em um dispositivo Android. A plataforma ficou exponencialmente melhor em atualizações de software desde que o Google separou elementos do sistema operacional para que eles pudessem ser atualizados por meio da Google Play Store, em vez de esperar que as operadoras e fabricantes os implementassem. Em smartphones da linha Pixel, os updates são garantidos por até três anos.
Um chip Pixel pode ajudar o Google a fornecer suporte ainda mais estendido para seus celulares. Mesmo com todos os hacks pós-mercado e versões de terceiros do Android circulando por aí, isso não é algo com que seu consumidor médio queira lidar no final do dia. Esse tipo de suporte prolongado também pode ajudar a estabelecer mais lealdade à marca, algo o que o Google tem enfrentado dificuldade segundo as últimas vendas de Pixel.
Tablet Android
O Google lançou o Nexus 9, um tablet Android fabricado pela HTC, lá no ano de 2014. Era um dispositivo com tela de 9 polegadas e o poderoso Nvidia Tegra K1 de 2,3 GHz, além de um excelente tablet para desenvolvedores Android. Mas fora isso, era quase impossível atingir a dominação do iPad no mercado.
Em seguida, o Google fez uma nova tentativa com o Pixel Slate, só que, desta vez, o dispositivo usava Chrome OS, que tem compatibilidade com Android. O aparelho tinha benchmarks de desempenho impressionantes, uma tela vibrante de alta densidade e incluía suporte para a caneta Pixel Pen, embora não tenha conseguido ganhar força nas comunidades criativas da mesma forma que o Apple Pencil. A caixa do teclado não era muito estável, tornando difícil acoplar o tablet para longos períodos de digitação. No final das contas, o Slate não vendeu bem, e o Google parou de vendê-lo um tempo depois.
A Samsung é a única empresa a fazer tablets Android competitivos, e o Galaxy Tab S7+ não é uma alternativa ruim se você está comprometido com a ideia de continuar com o sistema do Google. Ele oferece alguns dos recursos disponíveis no iPad Pro, como uma tela grande e uma S-Pen precisa com carregamento magnético integrado. No entanto, a Samsung está vendendo sua versão do ecossistema Android que, assim como acontece nos smartphones, não é atualizado com frequência. Sem mencionar o fato de que o Android ainda precisa de alguns ajustes antes de ser totalmente competente para produtividade em um tablet.
Não há indicação de que o Google tem planos de se aventurar novamente nos tablets Android ou que até mesmo tentaria lançar algo que pudesse competir com o iPad Pro, que é o modelo mais avançado da Apple. É mais provável que veremos um tablet Chrome, especialmente após relatos de que o suposto chip Pixel poderia encontrar vida em outras categorias de produtos além de um smartphone.
Seja qual for o plano, esperamos que o Google siga em frente com esses rumores internos sobre chips próprios. Cada evento da Apple que traz um novo iPad é mais um lembrete do que estamos perdendo no reino do Android: uniformidade da plataforma. Um chip personalizado para os dispositivos Pixel seria apenas o começo da união total do ecossistema do Google e tornaria seu hardware uma alternativa viável à Apple.