Apple lança recurso de privacidade no iOS, mas quem não gostou nada foi o WhatsApp

O mensageiro diz que as novas diretrizes são anticompetitivas porque não têm o mesmo impacto nos apps proprietários da Apple.
Imagem: Tim Reckmann (Flickr)

Em uma nova página de perguntas e respostas, a Apple renovou algumas de suas diretrizes da App Store. Na próximas semanas, os desenvolvedores serão obrigados a detalhar, na descrição das ferramentas, se elas coletam dados dos usuários, bem como informar por que precisam guardar aquelas informações. Quem não curtiu muito essa ideia foi o WhatsApp, que considera desleal a nova política de privacidade por ela não se aplicar a apps da própria Apple, como o iMessage, que não está App Store.

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Vamos por partes. Primeiro, as mudanças em alguns termos da App Store.

Tudo começou em junho, quando o chefe de software da Apple, Craig Federighi, anunciou que a companhia lançaria “rótulos” para os aplicativos da loja com foco na privacidade do iOS 14.

A premissa da empresa era que esses rótulos devem expor em detalhes a forma como um app coleta nossos dados. Assim, o usuário pensaria duas vezes antes de baixá-lo no iPhone. Também é uma forma da Apple impedir que serviços mais invasivos se escondam atrás das políticas de privacidade, se passando por ferramentas realmente seguras.

A Apple ainda não revelou como os tais rótulos irão aparecer, nem quando serão implementados na App Store — a empresa se limitou a dizer que o lançamento está previsto até o final deste mês. Qualquer aplicativo submetido para aprovação a partir do dia 8 de dezembro já será obrigado a atender as novas diretrizes, informar se o serviço faz coleta de dados e como estes são administrados pelo app. E os apps já existentes precisam enviar até quinta-feira (10) as informações que coletam.

Só que aí entra um problema: a Apple não diz especificamente o que são esses “dados”, nem o que significa “coleta de dados”. Logo, a brecha abre precedentes para que muitos desenvolvedores apliquem as próprias regras sob aquilo que consideram o mais correto (ou incorreto, vai saber) para seus respectivos aplicativos.

É exatamente esse tipo de lacuna linguística que desenvolvedores mal-intencionados costumam usar para continuar coletando dados de milhares de pessoas. Isso sem contar que os próprios usuários podem se confundir e entender que seus apps favoritos estão coletando mais coisas do que deveriam.

Essa é a crítica do WhatsApp. Além de protestar contra as novas políticas de privacidade e informações coletadas, o mensageiro afirma que se trata de uma medida anticompetitiva. Ele alega que o iMessage, serviço de mensagens da Apple, não se enquadra nas novas regras por já vir pré-instalado nos iPhones. Assim, ele não precisa ser baixado diretamente pela App Store, na qual todos os demais aplicativos precisarão se realinhar de acordo com os futuros rótulos.

A justificativa do WhatsApp é que, pelo fato do iMessage não aparecer listado na App Store, os usuários não poderão visualizar como o aplicativo lida com os dados pessoais de cada um. Os chamados “rótulos nutricionais”, como a própria Apple vem chamando a atualização, também se aplicam aos apps proprietários da companhia, o que inclui o iMessage. Eles não ficarão na App Store, mas sim no site da Apple, segundo o Axios.

“Pensamos que os rótulos [de privacidade] devem ser consistentes tanto em aplicativos proprietários quanto de terceiros. Fornecer às pessoas informações que sejam fáceis de ler é um bom começo, mas acreditamos ser importante que elas possam comparar esses rótulos de ‘informação nutricional de privacidade’ tanto com os apps baixados quanto aqueles que vêm pré-instalados, como o iMessage”, disse o WhatsApp em um comunicado para o site Axios.

O mensageiro enviou na última segunda-feira (7) as informações solicitadas pela Apple para atender às novas diretrizes da App Store.

[Gizmodo, Axios]

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