Apple vai alertar usuários vítimas de espionagem
A Apple planeja notificar usuários de seus dispositivos que forem alvos de “ataques patrocinados pelo Estado”. O anúncio chega após a gigante da tecnologia processar a NSO Group, empresa israelense de segurança que fabricou um software espião utilizados por governos de diversos países para “combater o terrorismo”. A alegação da Apple é que o grupo violou as leis de privacidade americanas ao comercializar spywares para hacker iPhones.
As notificações de ameaça serão enviadas via iMessage ou e-mail, após a detecção de um possível ataque hacker financiado pelo poder público.
“Esses usuários são focados individualmente, seja por serem quem são ou por aquilo que fazem. Ao contrário dos cibercriminosos tradicionais, os invasores patrocinados pelo Estado aplicam recursos para atingir um número muito pequeno de indivíduos específicos e seus dispositivos — o que torna esses ataques muito mais difíceis de detectar e prevenir”, afirmou a Apple em comunicado.
As notificações vão oferecer informações para que os usuários que tiveram seus dispositivos comprometidos por ataques hackers possam reforçar sua privacidade e dificultar novas invasões.
Se você não está familiarizado com o nome “NSO Group”, deve se lembrar de seu principal produto, o Pegasus. Ele é spyware capaz de ter acesso a todas as informações presentes em um smartphone como, fotos, mensagens, dados de geolocalização e ainda é capaz de acessar microfone e câmera.
Há alguns meses, a empresa israelense foi centro de uma polêmica que comprometeu ainda mais sua imagem. Um consórcio formado por veículos de imprensa do mundo inteiro revelou em uma série de reportagens que jornalistas, ativistas políticos e adversários políticos foram hackeados.
Entre os possíveis hackeados estava o jornalista saudita Jamal Khashoggi, opositor do regime ditatorial da Arábia Saudita, torturado e assassinado na embaixada do país na Turquia. As reportagens revelaram que o celular da esposa de Khashoggi pode ter sido alvo do Pegasus.
Caso a informação se confirme, a narrativa defendida pela empresa de que seu softwares ó é usado para combater terrorismo — e de que o grupo só faz negócio com países democráticos e que tenham histórico de defesa dos direitos humanos — cai completamente.
A NSO Group foi incluída em uma lista de restrição comercial pelo governo americano. Sendo assim, nenhuma empresa dos EUA pode abrir negociações para adquirir o software espião da companhia.