Aquecimento global pode afetar a produção de vinho no mundo, mostra este estudo
Com ondas de calor mais frequentes com o passar dos anos, cada vez mais setores produtivos estão sendo afetados pelo aquecimento global. De acordo com um novo estudo, a mudança do clima pode modificar “profundamente” a produção global de vinho.
O que diz o estudo sobre vinho
O estudo, publicado revista Nature Reviews Earth & Environment, apontou que algumas das regiões vinícolas mais tradicionais do mundo correm o risco de ver sua produção de vinho praticamente desaparecer.
De acordo com o levantamento, isso pode acontecer já nas próximas décadas se o aquecimento global continuar no ritmo que está.
A análise mostra que cerca de 90% dessas áreas poderão ter sua produção completamente comprometida em virtude da maior ocorrência de secas extremas e ondas de calor.
As áreas potencialmente mais afetadas ficam as regiões costeiras e de planície da Espanha, Itália, Grécia e do sul da Califórnia (EUA).
Já outras regiões, como o sul da Inglaterra, os Pampas sul-americanos e as regiões mais altas dos Andes, podem ganhar destaque na produção do vinho. Já que as alterações nos padrões climáticos podem tornar o clima nessas regiões mais favorável à produção da uva.
“A mudança climática está alterando a geografia do vinho, com novos vencedores e perdedores”, disse à CBS News Cornelius van Leeuwen, professor da Escola de Engenharia Agrícola de Bordeaux, na França, e um dos autores do estudo.
As alterações climáticas também trazem o risco de as áreas experimentarem novos agentes patogénicos e insetos. De acordo com a pesquisa, eles podem ter impacto na agricultura e na saúde humana e ambiental em geral.
Condições mais secas tornariam alguns problemas na videira, como o míldio, menos prováveis, mas quando isso acontecesse, o surto provavelmente ocorreria mais cedo e se espalharia mais rapidamente, concluiu o estudo.
2023 foi o ano mais quente dos últimos 100 mil anos
O observatório europeu Copernicus afirmou que o ano de 2023 foi +1,48º C mais quente do que a média da era pré-industrial em todo o mundo. Inclusive, ele foi o mais quente dos últimos 100 mil anos, conforme o próprio observatório já havia adiantado em 2023.
De acordo com o Copernicus, todos os dias do ano foram (no mínimo) 1º C mais quente do que o ano de 2022. Inclusive, em dois dias de novembro, ficaram 2°C mais quentes. Este novo recorde ultrapassa em +0,17° C o precedente, de 2016.
Hoje, a maior ferramenta global para tentar frear o aquecimento global, o Acordo de Paris, de 2015, visa limitar o aquecimento a 2 °C, e idealmente a não mais do que 1,5 °C. Contudo, o acordo não tem tido o efeito que os ambientalistas esperavam.
A taxa de aumento na temperatura global do ano passado só era estimada para acontecer no final deste século. Assim, por causa do ano mais quente da história, o gelo marinho da Antártida alcançou os menores níveis recordes durante oito meses do ano passado.