Arqueólogos encontram as ferramentas mais antigas da humanidade

Na garganta de Olduvai, na África, um dos sítios pré-históricos mais importantes da humanidade, arqueólogos descobriram evidências de ferramentas antigas que podem reescrever a história.

• Garoto encontra machado neandertal de 60 mil anos na praia na Inglaterra
• Chineses descobrem novo grupo de hominídeos de “cabeças grandes”

Em um estudo publicado na última quarta-feira (5), os arqueólogos detalham a descoberta de 27 fragmentos de ossos de elefantes e hipopótamos, usados como ferramentas pelos antigos hominídeos da região.

Aliás, a garganta de Olduvai, no norte da Tanzânia, é considerada o “berço da humanidade”, sendo um local de importantes descobertas arqueológicas e paleontológicas.

Os arqueólogos encontraram os 27 fragmentos em 2018, durante um projeto de escavações que começou em 2015 após a descoberta de dentes de hominídeos no local. 

De acordo com os arqueólogos, os fragmentos alteram a linha do tempo sobre o uso de ossos como ferramentas, desafiando teorias anteriores sobre as tecnologias mais antigas da humanidade. 

Isso porque as ferramentas, que datam de até 3,3 milhões de anos atrás, antecipam o uso de ossos em até um milhão de anos antes.

Além disso, as ferramentas apresentam um nível avançado de habilidade cognitiva e artesanal, algo que a ciência acreditava ter surgido mais tarde, com evidências de trabalho de modelagem de lascas de ossos.

Essa técnica, no entanto, é associada à produção de ferramentas de pedras. Por isso, o estudo destaca que a humanidade já apresentava um alto nível de compreensão e manejo de materiais.

“As ferramentas antigas indicam que a humanidade expandiu suas opções tecnológicas adicionando novas matérias-primas às suas habilidades de fabricação de ferramentas”, afirma Ignácio de la Torre, do Conselho Superior de Investigações Científicas da Espanha e principal autor do estudo.

Ferramentas mais antigas da humanidade eram machadinhas

No estudo, de la Torre e seus colegas revelam que os arqueólogos encontraram as ferramentas ao lado de fósseis de grandes mamíferos. As ferramentas com ossos de elefantes mediam cerca de 22 e 38 centímetros, enquanto as de ossos de hipopótamos mediam entre 18 e 30 centímetros.

Imagem: CSIC/Divulgação

Os hominídeos que criaram as ferramentas usaram ossos de membros superiores e inferiores desses animais, indicando uma seleção intencional de um material mais denso visando a durabilidade da ferramenta.

Além disso, segundo os arqueólogos, as antigas ferramentas eram, provavelmente, machadinhas para remover a carne de animais. Desse modo, a descoberta representa a transição da cultura olduvaiense à cultura acheuliana, que começou há 1,7 milhões de anos.

A transição é conhecida pela fabricação simétrica de machadinhas. No entanto, os arqueólogos não conseguiram determinar quais espécies de hominídeos fabricaram tais ferramentas.

Durante o período das ferramentas, tanto o Homo erectus quanto o Paranthropus boisei habitavam a região. Desse modo, segundo os arqueólogos, é impossível determinar qual espécie criou as ferramentas mais antigas da humanidade.

Anteriormente, as ferramentas de ossos mais antigas da humanidade, encontradas na Europa, datam de 500 mil anos, ressaltando a importância da descoberta dos arqueólogos na Tanzânia.