Arqueólogos encontram esqueleto de médico romano com bisturis de 2 mil anos
Arqueólogos encontraram um conjunto de ferramentas médicas de aproximadamente 2 mil anos em uma necrópole perto de Jászberény, cidade húngara a 56 quilômetros de Budapeste.
Os objetos estavam em dois baús de madeira, enterrados junto ao esqueleto de um homem – suposto médico e cidadão romano.
Nas caixas do médico estavam três bisturis com lâminas de aço removíveis, feitos de uma liga de cobre decorada com prata. São instrumentos “de alta qualidade e adequados para procedimentos cirúrgicos”, segundo comunicado do Instituto de Arqueologia da Universidade Eötvös Loránd (ELTE), em Budapeste, que liderou a escavação.
Os arqueólogos também encontraram alicates, agulhas, pinças e uma pedra que serviria para afiar as lâminas das ferramentas e possivelmente para moer e misturar ervas medicinais. Alguns dos objetos continham resíduos de medicamentos.
O esqueleto junto às ferramentas, por sua vez, pertenceu a um homem com 50 ou 60 anos e está quase completo. Os restos mortais do suposto médico não indicam quaisquer doenças ou traumas como causa da morte.
Onde estava o médico
Jászberény fazia parte de uma região além das fronteiras do Império Romano que historiadores e arqueólogos chamam de Barbaricum. Leventu Samu, pesquisador do ELTE, disse ao New York Times que chama atenção o fato de que um indivíduo “tão bem equipado” tenha morrido tão longe de Roma. “Ele estava lá para curar uma figura local de prestígio ou, talvez, estava acompanhando um movimento militar das legiões romanas?”
Os pesquisadores descrevem a descoberta como uma das maiores coleções conhecidas de instrumentos médicos romanos do primeiro século. Já se encontrou instrumentos cirúrgicos como estes na maior parte do Império Romano, e bisturis muito parecidos em um sítio arqueológico gaulês. Mas achados como este na área do antigo Barbaricum são raros.
Os pesquisadores encontraram o esqueleto do médico e suas caixas de ferramentas em 2022. Eles estavam em um local onde já se encontrou artefatos da Idade do Cobre (4.500 a.C. a 3.500 a.C.) e do Império Avar, que se estabeleceu na planície húngara, entre os rios Danúbio e Tisza, em aproximadamente 550 e atingiu seu auge no fim do século 8.
Uma investigação com magnetômetro identificou a necrópole dos ávaros, onde os arqueólogos descobriram a sepultura do cidadão romano entre as fileiras de túmulos. Não se sabe por que ele foi enterrado com seu equipamento, mas uma hipótese é de que este seja um sinal de respeito pelo médico estrangeiro.