Arqueólogos encontram evidência rara de crucificação romana
Arqueólogos da Albion Archaeology descobriram o que acreditam ser o primeiro exemplo de crucificação no norte da Europa. A evidência foi encontrada em Fenstanton, Cambridgeshire, leste da Inglaterra, por especialistas da Albion Archaeology. O artigo descrevendo a descoberta foi publicado na revista British Archaeology.
“Sabemos bastante sobre a crucificação: como foi praticada e onde foi praticada e quando e assim por diante a partir de relatos históricos”, disse ao The Guardian David Ingham, gerente de projeto, que conduziu a escavação.
Ele explica que este achado é raro, já que muitas vezes as vítimas não recebiam um enterro adequado, então as ossadas não eram preservadas.
O esqueleto tem entre 1.600 e 1.900 anos. De acordo com os arqueólogos, pertencia a um homem que morreu quando tinha entre 25 e 35 anos. Porém, não se sabe ao certo o que levou à sua crucificação.
Segundo historiadores, a prática da crucificação provavelmente começou na Pérsia entre 300 e 400 a.C. sob o Império Romano. Eles reservavam esse método de execução para escravos, cristãos, estrangeiros, ativistas políticos e soldados.
A causa da morte dessas pessoas normalmente era asfixia, perda de fluidos corporais e falência de órgãos. Ou seja, em geral, as vítimas levavam entre três horas e quatro dias para morrer.
Restos preservados da crucificação
Nas imagens compartilhadas pelos pesquisadores é possível ver um fragmento do osso do calcanhar com um prego. Ele teria sido crucificado pelo Império Romano.
“Parece implausível que o prego possa ter sido acidentalmente cravado no osso durante a construção do suporte de madeira no qual o corpo foi colocado — na verdade, há até sinais de um segundo orifício raso que sugere uma primeira tentativa malsucedida de perfurar o osso”, explica Ingham.
Até agora foram encontrados apenas três outros possíveis exemplos físicos de crucificação durante a era antiga. Sendo em La Larda em Gavello, Itália; um de Mendes, no Egito; e um de Giv’at ha-Mivtar, no norte de Jerusalém.
Dessa forma, as escavadeiras descobriram os restos mortais, apelidados de Esqueleto 4926, durante uma escavação realizada antes da construção na vila de Fenstanton, em 2017.
A comunidade fica ao longo da rota da Via Devana, uma antiga estrada romana que ligava Cambridge a Godmanchester.
A equipe encontrou broches esmaltados, moedas, cerâmica decorada e ossos de animais no local. Por fim, os pesquisadores descobriram cinco pequenos cemitérios contendo os restos mortais de 40 adultos e 5 crianças.