Arqueólogos encontraram duas oficinas de mumificação, uma para humanos e outra para animais, em Saqqara – um sítio arqueológico do Egito há 24 quilômetros a sudoeste de Cairo, que foi necrópole da antiga cidade de Mênfis. As oficinas têm cerca de 2,3 mil anos, segundo comunicado do Ministério de Turismo e Antiguidades do Egito.
A oficina para mumificação humana é feita de tijolos de barro e tem duas camas que foram usadas para embalsamar os corpos. Além disso, os arqueólogos encontraram restos de resina e de ferramentas usadas no processo de embalsamento.
A oficina para animais, por outro lado, tinha uma série de vasos de cerâmica, além de resquícios de ferramentas. Segundo o comunicado, ela pode ter sido usada para mumificar animais associados a Bastet, uma antiga deusa egípcia que geralmente é retratada como um gato.
Até o momento, pesquisadores encontraram poucas oficinas de mumificação no Egito. Dessa forma, espera-se que as últimas descobertas ajudem arqueólogos e historiadores a entender melhor o processo de mumificação, além de possibilitar comparações entre as mumificações de humanos e animais.
A última oficina que apareceu em Saqqara, em 2016, é da 26ª dinastia egípcia (de 664 a.C. a 525 a.C.). Contudo, era uma oficina menor que a oficina recém-descoberta para humanos, usada entre o final da 30ª dinastia e o início do período ptolomaico, quando o Egito caiu sob domínio estrangeiro.
Mumificação de animais
Os antigos egípcios enterravam múmias de animais como gatos, raposas, macacos, pássaros e até crocodilos junto com seus entes queridos. Os arqueólogos explicam que essa prática tinha a intenção de fazer os animais serem companhias na vida pós-morte ou porque alguns animais representavam intermediários entre os mortais e os deuses.
A tradição era tão forte que o processo de embalsamar animais – anterior ao embrulho em faixas de linho – virou uma indústria no Antigo Egito. Todavia, existia fabricantes de espécies embalsamadas, que recuperavam carcaças de animais selvagens ou criavam animais com o objetivo de transformá-los em múmias.
Por outro lado, historiadores acreditam que um processo inflacionário também levou ao surgimento de múmias animais que não eram o embrulho de um ser vivo inteiro, mas de partes de seu corpo – ou até de ninhos e cascas de ovos, no caso das aves. Seria outro método alternativo, encontrado pelos fabricantes de múmias, para dar conta da demanda que não permitia sempre esperar um animal morrer naturalmente para transformá-lo em múmia.
Igualmente, textos antigos e achados arqueológicos sugerem que essa “produção em massa” presente nas oficinas de mumificação de animais provavelmente não era encontrada nas oficinas de mumificação humana, que teriam funcionado em ritmo mais lento – e usado técnicas mais caras e complexas para nobres e técnicas mais simples para plebeus.
Outras descobertas
O Ministério de Turismo e Antiguidades do Egito anunciou que os arqueólogos também encontraram duas tumbas perto das oficinas: uma para um homem que viveu há 4,4 mil anos e seria um “diretor de escribas”; outra para um sacerdote que viveu há 3,4 mil anos. Os pesquisadores recuperaram um sarcófago, porém ainda não há notícias de restos mortais.
Os arqueólogos também encontraram uma estátua com um metro de altura que representa uma pessoa. É provável que ela seja de algum encarregado de supervisionar os enterros naquela região de Saqqara.