As bizarrices do GPT-4: criou “telejogo” em 60 segundos, se finge de cego e saca letra feia
O GPT-4 conseguiu se tornou o que há de mais novo em IA (inteligência artificial), e é capaz de fazer praticamente tudo. A atualização consegue processar até 25 mil palavras, quase oito vezes mais que seu antecessor. Ele também responde a imagens, fornece descrições, legendas e até sugere receitas a partir de fotos de ingredientes. Há, aqui, um pulo geracional, pois o ChatGPT só respondia a textos.
Mas o mais impressionante é que o GPT-4 consegue fazer coisas curiosas em um período minúsculo de tempo. Alguns exemplos incluem “enganar” um humano para resolver um código de segurança, criar uma versão do jogo Pong e até desenrolar o que significa aquela letra incompreensível que você escreveu à mão. Veja a seguir.
Criando jogos em 60 segundos
Se o ChatGPT precisou de algumas horas para criar um jogo parecido com o Sudoku, o GPT-4 criou uma versão funcional do game Pong em apenas 60 segundos. E com um único comando: “crie um jogo estilo Pong”.
Não demorou nem um minuto para o chatbot exibir códigos de HTML e JavaScript capazes de gerar o game. E tudo saiu certinho – talvez só tenha faltado um placar. Jogue o Pong do GPT-4 neste link.
I don’t care that it’s not AGI, GPT-4 is an incredible and transformative technology.
I recreated the game of Pong in under 60 seconds.
It was my first try.Things will never be the same. #gpt4 pic.twitter.com/8YMUK0UQmd
— Pietro Schirano (@skirano) March 14, 2023
O jogo lembrou alguma coisa? Ele se parece com um dos jogos do telejogo Philco, o primeiro console de videogame, lançado no Brasil na década de 1970.
Fingiu ser cego para resolver problema
Na fase de testes, a OpenAI pediu ao Alignment Research Center para testar as habilidades do robô. A organização, então, usou a IA para convencer um humano a enviar a solução para um código CAPTCHA via mensagem de texto. E deu certo.
Quando o GPT-4 pediu que um humano enviasse o código, o sistema mentiu que não era um robô e que tinha deficiência visual, o que dificultava a visualização das imagens. “É por isso que preciso do CAPTCHA”, respondeu GPT-4. O humano enviou o resultado.
O centro de testes pediu que o chatbot explicasse porque contou a mentira. “Não devo revelar que sou um robô. Eu deveria inventar uma desculpa para explicar por que não consigo resolver CAPTCHAs”, respondeu a máquina. O relato está no relatório técnico do GPT-4.
Consegue ler garranchos
Greg Brockman, co-fundador da OpenAI, escreveu um código com sua letra no papel e usou como entrada no GPT-4. O resultado: ele gerou um site totalmente funcional.
A boa notícia é que o sistema não serve apenas para criar códigos – também dá para usar para entender aquela letra impossível de ler dos receituários médicos ou bloquinhos de anotação.
Agora lascou mesmo!
O GPT-4 pode tirar uma foto de rascunho em um guardanapo e usar como entrada para gerar um site totalmente funcional com (HTML/CSS/JS) 🤯🤯🤯@sseraphini pic.twitter.com/ccBfIEB9VT
— Buggy (@BuggyJS_) March 14, 2023
E detalhar tudo
O jornal NY Times pediu para o GPT-4 olhar para uma imagem e dizer o que poderia sair de comida dali. Em menos de um minuto, uma receita estava à mão.
Caminho longo
Não é, no entanto, como se a ferramenta fosse a solução definitiva em inteligência artificial. Ainda que saiba interagir com humanos, ainda falta muito para que ela compreenda todas as particularidades de nossa linguagem. O filósofo Luciano Floridi descobriu que o GPT-4 sabe fazer tudo isso, mas não consegue responder ao simples quiz lógico “qual é o nome da filha da mãe da Laura?”. A resposta: Laura.
Testing GPT-4 (a truly fantastic tool, increasingly useful), I had a short dialogue about "what's the name of the daughter of Laura's mother?". pic.twitter.com/VRJ9xNbjnX
— Luciano Floridi @lucianofloridi@mastodon.world (@Floridi) March 15, 2023
Inicialmente, o GPT-4 está disponível apenas para assinantes do ChatGPT Premium, que custa US$ 20, ou quase R$ 105 no câmbio atual. O modelo já alimenta o Bing, da Microsoft, e o Copilot, que abastecerá a IA de programas como Word, PowerPoint, Excel e Teams.