Até 153 espécies de animais e plantas são vendidas ilegalmente na dark web
Vendedores negociam pelo menos 153 espécies de plantas, fungos e animais de forma ilegal na dark web — conjunto de sites não indexados onde é comum encontrar o comércio ilícito de substâncias, armas e pornografia.
O resultado está em um estudo da Universidade de Adelaide, na Austrália, publicado em 3 de maio, no qual pesquisadores analisaram 50 mercados nesses sites nos últimos cinco anos. Dos 2 milhões de anúncios identificados, 3.332 remetiam ao comércio de vida selvagem.
Segundo Phill Cassey, que liderou o estudo, 90% dos anúncios identificados tinham como objetivo a produção de drogas recreativas. Por isso, a maioria oferecia espécies vegetais. “Porém, o comércio também inclui fungos e animais para drogas”, diz o artigo.
Um exemplo de animal para este fim é o Sapo do Rio Colorado (Bufo alvarius), nativo do sudoeste dos EUA e do norte do México. Fabricantes de drogas alucinógenas usam o veneno da espécie, que leva toxinas com propriedades psicoativas.
Entre as 153 espécies identificadas para venda, 68 tinham substâncias químicas com propriedades medicinais. Dessas, 45 eram usadas na produção de drogas psicodélicas, como o gênero de fundos Psilocybe.
Segundo o estudo, a maioria dos vendedores dessas substâncias estava na América Central e América do Sul.
Drogas lideram mercado na dark web
Apesar do comércio ilícito, os cientistas identificaram que poucos vendedores oferecem as espécies silvestres para a fabricação de roupas, decoração e animais de estimação.
“Embora exista a venda de vida selvagem na dark web, ela é principalmente para uso como drogas e remédios, e não para outros crimes relacionados ao tráfico, como animais de estimação exóticos vivos”, concluiu a pesquisa.
Contudo, isso não quer dizer que esse tipo de crime não existe. A conclusão dos pesquisadores é que o comércio ilegal da vida selvagem, como animais silvestres para a criação doméstica, acontece na web aberta, em mercados de comércio eletrônico comuns, ou na deep web, em fóruns privados e aplicativos de mensagens. “Isso significa que a vigilância regular e a fiscalização podem priorizar essas áreas da internet”, salientou Cassey.