Uma bactéria descoberta por acaso pode ser a solução da malária, doença que afeta mais de 200 milhões de pessoas pelo mundo todos os anos.
Cientistas do centro de pesquisa da farmacêutica GSK descobriram que uma cepa natural de bactérias pode impedir a transmissão da malária dos mosquitos para os humanos.
A descoberta apareceu por acaso, após uma colônia de mosquitos usada para o desenvolvimento de medicamentos tinha deixado de transmitir a doença.
“A taxa de infecção nos mosquitos começou a diminuir. Por isso, no final do ano, os mosquitos simplesmente não estariam infectados com o parasita da malária”, disse à BBC Janneth Rodrigues, cientista que liderou o programa.
A equipe congelou as amostras do experimento de 2014 e voltou a elas dois anos depois para explorar o que havia acontecido.
Os estudos revelaram que um tipo específico de bactérias, o TC1, impediu o desenvolvimento dos parasitas da malária no intestino dos mosquitos. Essa bactéria está naturalmente presente no ambiente. Novos dados publicados na revista Science sugerem que a bactéria pode reduzir a carga parasitária do mosquito em até 73%.
Como a bactéria atua
Segundo os pesquisadores, o poder de “anular” a malária no mosquito vem da secreção de uma pequena molécula. Ela é conhecida como harmane, e inibe os estágios iniciais do crescimento do parasita da malária no intestino do mosquito.
A boa notícia é que o mosquito pode ingerir a harmane por via oral quando ela é misturada com açúcar. Além disso, o mosquito pode absorver a bactéria através de sua cutícula.
Isto abre a possibilidade de, por exemplo, deixar o composto ativo em superfícies onde os insetos repousam. Assim, a bactéria ajudaria a diminuir a infecção por malária em larga escala.