“Banana falsa” cultivada na Etiópia é aposta de alimento do futuro por cientistas
O avanço das mudanças climáticas traz preocupações quanto à segurança alimentar pelo mundo. Isso porque, nas próximas décadas, são esperados períodos de seca prolongados, inundações repentinas, aumento da incidência de insetos, entre outros impactos que acompanham o aquecimento global.
Todos esses fatores ameaçam as áreas de cultivo agrícola. Ao mesmo tempo, o mundo enfrenta um crescimento populacional exponencial, sendo necessário encontrar maneiras de garantir alimentos à humanidade.
Hoje, dependemos principalmente das culturas de arroz, milho e trigo. Mas pesquisadores dos Jardins Botânicos de Kew, no Reino Unido, acreditam que uma planta comum da Etiópia — e até então pouco conhecida — possa se tornar um super alimento e salvar vidas frente às mudanças climáticas.
Estamos falando da banana falsa (Ensete ventricosum), que sustenta cerca de 20 milhões de pessoas no país africano. Ela recebe este nome por ter aparência similar a da banana, porém com um fruto não comestível. Na verdade, são seus caules e raízes que costumam ser fermentados para a fabricação de mingau e pão.
As bananas falsas são plantas perenes, ou seja, possuem ciclos de vida longos. Além disso, elas crescem o ano todo, são resistentes à seca e tolerantes a doenças. Não à toa, já recebem o apelido de “árvore contra a fome”.
O cultivo das bananas falsas é feito nas Terras Altas da Etiópia. O fato de ser uma região isolada ajuda a explicar porque as plantações da planta nunca foram expandidas.
Agora, o estudo publicado na revista científica Environmental Research Letters sugere que, mesmo com uma redução do potencial de crescimento das bananas falsas devido às mudanças climáticas dentro dos próximos anos, ainda terão faixas adequadas para seu cultivo nas Terras Altas, Quênia e Uganda.
De acordo com os pesquisadores, as plantações de banana falsa podem se tornar o alimento chave de 87,2 a 111,5 milhões de pessoas nas próximas décadas – 27,7 a 33 milhões delas que já vivem na Etiópia, mas estão fora das faixas de cultivo da planta.