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Big techs mentiram: emissões de data centers para IA subiram em 600%

Se as cinco big techs fossem uma nação, a soma de suas emissões em 2022 as colocariam como o 33º país com mais emissões no mundo.

Emissões de data centers das big techs são 600% maiores que o revelado

As big techs mentiram para você sobre suas emissões de CO2 e o impacto dos data centers no clima para desenvolver modelos robustos de IA.

De acordo com um relatório do jornal britânico The Guardian, as emissões reais de data centers das cinco big techs – Google, Amazon, Microsoft, Meta e Apple – são 662% maiores que as empresas reportaram anteriormente.

Esse número corresponde às emissões do período entre 2020 e 2022, ou seja: antes do boom da IA, embora as empresas já estivessem dando os seus primeiros passos rumo à tecnologia. De acordo com a análise, publicada na última segunda-feira (16), a IA vai contribuir para o aumento das emissões dos data centers de big techs.

Ironicamente, em algum ponto da história, todas as cinco big tech declararam ser carbono neutro, seja por créditos de carbono ou redução de emissões. No entanto, em julho deste ano, o Google foi uma das big techs que recuou.

Aliás, a Amazon fez o mesmo recentemente. A gigante alegou que, em julho, atingiu sua meta sete anos mais cedo e que iria reduzir as emissões em 3% daqui para frente.

“Contabilidade criativa”: a estratégia para mascarar emissões

Imagem: Amazon/Divulgação

Segundo um representante da Amazon Employees for Climate Justice, grupo de funcionários da Amazon que combatem a postura da empresa em relação ao clima, a alegação da Amazon se baseia em “contabilidade criativa”.

“A Amazon, apesar de todo poderio no setor de relações públicas e propaganda – vistos em suas usinas solares ou a criação de vans elétricas –, está expandido o uso de combustíveis fósseis. Essa expansão ocorre tanto em data centers como em caminhões a diesel”, afirmou o representante.

Essa contabilidade criativa citada acima se sustenta pelos certificados de energias renováveis (Rec), similares aos créditos de carbono.

Uma empresa compra Recs para mostrar que está comprando eletricidade gerada por energia renovável correspondente a uma porção do seu uso de eletricidade.

A sacada é que a energia renovável não precisa ser consumida nas instalações da empresa. Em vez disso, o consumo pode acontecer em qualquer lugar.

Quando uma empresa de tecnologia revela suas emissões, o que aparece, na verdade, são emissões com base no mercado, calculadas com o número de Recs.

Emissões reais dos data centers das cinco big techs

Ao desconsideramos os Recs, surgem as emissões com base em localização. Essas são as verdadeiras emissões dos pelos data centers das big techs.

Apenas em 2022, as emissões oficiais dos data centers da Meta foram apenas 273 toneladas métricas de CO2. Os data centers oficiais são aqueles que estão nas sedes da empresa.

Contudo, considerando as emissões com base em localização, as emissões da Meta foram 3,8 milhões de toneladas métricas. Portanto, as emissões foram 19 mil vezes mais que o reportado pela empresa!

Data center da Meta no Novo México. Imagem: Meta/Divulgação

Atualmente, a Microsoft é a principal representante do impacto da IA no clima entre as big techs, mas, assim como a Meta, reportou emissões singelas de seus data centers.

Oficialmente, as emissões da Microsoft em 2022 foram 280 mil toneladas métricas, mas os dados verdadeiros, com base em localização, mostram que o número real é 6,1 milhões.

E a tendência é piorar, segundo a análise, que ressalta que os data centers de big techs para IA vão aumentar a demanda por energia, consequentemente, aumentando as emissões.

“Se essas cinco big techs fossem uma nação, a soma de suas emissões em 2022 as colocariam como o 33º país com mais emissões no mundo”, diz o jornal.

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