Bloco de gelo do tamanho do Rio de Janeiro se desprende na Antártica
Pela primeira vez, cientistas registraram o desprendimento de um bloco de gelo na região da Antártica Oriental. A plataforma Conger, que colapsou entre os dias 14 e 16 de março, tinha tamanho aproximado ao da cidade do Rio de Janeiro.
Imagens de satélite mostrando o episódio foram publicadas no Twitter por Catherine Colello Walker, cientista planetária do Instituto Woods Hole de Oceanografia ligado à NASA. Confira:
Complete collapse of East Antarctica's Conger Ice Shelf (~1200 sq. km) ~March 15, seen in combo of #Landsat and #MODIS imagery. Possible it hit its tipping point following the #Antarctic #AtmosphericRiver and heatwave too? #CongerIceShelf #Antarctica @helenafricker @icy_pete https://t.co/7dP5d6isvd pic.twitter.com/1wzmuOwdQn
— Catherine Colello Walker (@CapComCatWalk) March 24, 2022
A desintegração da plataforma de 1.200 quilômetros quadrados deu lugar a um iceberg de quase 30 km de comprimento e 18 km de largura. A peça de gelo, que depois se rompeu em dois pedaços, foi nomeada pelo Centro Nacional do Gelo dos Estados Unidos como C38.
Mas a quantidade de gelo perdida não é o que chamou mais atenção dos pesquisadores. Em 2002, a plataforma Larsen B também se soltou no continente gelado, mas ela estava na Península Antártica.
O colapso na Antártica Oriental é uma novidade, já que a área até então era tida como estável pelos cientistas. O derretimento do gelo nessa região pode elevar o nível do mar em até 50 metros ao longo de milênios, algo que até agora não estava sendo considerado por pesquisadores.
O episódio parece estar relacionado às altas temperaturas enfrentadas no continente nas últimas semanas. Algumas regiões na Antártica estavam até 70ºC mais quente que o normal em meados de março.
Na estação Casey, na Austrália – a mais próxima da plataforma de gelo que se rompeu – os termômetros atingiram os 5,6ºC, o que é cerca de 10 graus mais quente que o normal.
Os cientistas dizem que ainda é cedo para relacionar o ocorrido às mudanças climáticas. Por enquanto, a culpa está sendo atribuída a ventos locais e correntes oceânicas que funcionaram de maneira anormal nesta temporada.