Simulações oceânicas revelam como a Antártica ficou gelada

Há 34 milhões de anos, o polo sul enfrentou mudanças tectônicas que levaram ao resfriamento do oceano. Entenda.
Antártica
Imagem: Universidade de Leicester / Katharina Hochmuth/Reprodução

Uma equipe internacional de pesquisadores decifrou uma questão que já atormentava os cientistas há mais de 50 anos: como e por que as camadas de gelo da Antártica se formaram. 

A resposta é mais simples do que parece. Há 34 milhões de anos, o polo sul enfrentou mudanças tectônicas que levaram ao resfriamento do oceano. O estudo completo foi publicado na revista científica Nature Communications.

A explicação acima foi bastante vaga, mas você já vai entender o fenômeno. Na época citada, a Antártica ainda estava ligada à América do Sul e à Austrália. Mas as fronteiras que conectavam os continentes se romperam, e a Antártica ficou sozinha. 

O evento tectônico deixou uma grande massa de terra isolada em meio à imensidão azul. Consequentemente, as correntes oceânicas foram afetadas. Uma corrente circumpolar começou a fluir, impedindo o transporte de águas superficiais quentes para a costa da Antártica. 

Com a reorganização, as águas superficiais da Antártica sofreram um resfriamento de cerca de 5 ºC. Mantos de gelo começaram a se formar no continente e a Terra passou por uma de suas mudanças climáticas mais importantes: de greenhouse (estufa) para icehouse (casa de gelo).

Todas as observações foram possíveis graças a simulações oceânicas de alta resolução realizadas pelos autores do estudo. Na pesquisa, os cientistas mostraram que um aprofundamento de algumas centenas de metros das vias marítimas já seria suficiente para causar um resfriamento dramático no continente.

Essa mudança foi combinada ao declínio das concentrações atmosféricas de dióxido de carbono (CO2), que ajudou a levar à transição de temperatura da Terra. Compreender o que ocorreu no passado pode ajudar os cientistas a projetar cenários futuros, com concentrações elevadas de gases poluentes no meio ambiente e uma diminuição das crateras polares.

Carolina Fioratti

Carolina Fioratti

Repórter responsável pela cobertura de saúde e ciência, com passagem pela Revista Superinteressante. Entusiasta de temas e pautas sociais, está sempre pronta para novas discussões.

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