A cada Copa do Mundo, é usada uma bola diferente. São poucos os esportes que tentam reinventar a roda a cada quatro anos, mas esse elemento de incerteza também é emocionante, e significa que a tecnologia da bola de futebol já percorreu um longo caminho desde os anos 1930, quando as pelotas ainda eram infladas através de um orifício fechado com cadarço.
Assim como o New York Times – que publicou um incrível site interativo sobre a história da bola de futebol – decidimos dar uma olhada em cada bola das Copas. Tivemos uma ajuda do World Cup Balls, um ótimo site enciclopédico no qual Peter Pesti coleta e descreve como a tecnologia da bola vem evoluindo ao longo das gerações. A diferença entre as bexigas de couro da década de 1930 e os materiais atuais de alto desempenho são bem impressionantes.
Uruguai, 1930
A primeira Copa do Mundo usou bolas feitas no país que, na época, espalhava o esporte pelo mundo: a Inglaterra. Havia dois tipos de bolas com cadarço usadas nos jogos; a que você vê abaixo, a “T-Model”, recebeu esse nome por ter painéis em forma de T.
Itália, 1934
Em 1934, o futebol crescia em todo o mundo, e muitas fabricantes em outros países faziam bolas também. De acordo com Pesti, o nacionalismo febril da Itália de Mussolini “exigia” que as bolas utilizadas na sua Copa do Mundo fossem feitas no país. Por isso temos a Federale 102, uma bola de 13 painéis e cadarço, toda feita na Itália.
França, 1938
A Copa do Mundo é francesa, e a bola também: a Allen, fabricada em Paris, é uma bola de 13 painéis com cadarços. Era através deles que essas primeiras bolas eram infladas, antes da era das válvulas. Outros modelos também foram usados nas partidas, mas este é o oficial.
Brasil, 1950
Na década de 1930, a empresa argentina Tossolini fez uma descoberta: uma bola com uma válvula oculta que poderia ser bombeada, ao invés de soprada manualmente através dos cadarços. Mas levou duas décadas para a FIFA aceitar o novo design, e a “Superball Duplo T” só foi usada no Mundial de 1950. (A lembrança dessa Copa ainda é dolorosa…)
Suíça, 1954
Esta bola feita na Suíça era única por suas bordas em ziguezague costuradas à mão. Assim como muitas das bolas oficiais da época, a “Swiss World Champion” não tinha nenhum texto – nem logo de empresa – em sua superfície.
Suécia, 1958
Este foi o primeiro ano em que a FIFA escolheu a bola com base em uma competição. O vencedor, em um teste randomizado de mais de 100 bolas, foi a empresa sueca Sydsvenska Laderoch Remfabriken, que forneceu uma bola chamada Top Star – notável por sua superfície impermeável de cera. Foi nessa Copa que o Brasil venceu pela primeira vez.
Chile, 1962
Esta bola era conhecida como “Crack”. Hoje, esse nome jamais seria usado – mas a droga só surgiu nos anos 80, duas décadas depois. A bola era única por sua superfície composta de 18 formas poligonais irregulares, que lhe dava um visual mais complexo. Abaixo você vê o Pelé chutando a bola; fomos bicampeões nessa Copa.
Inglaterra, 1966
Esta bola, feita (é claro) por uma empresa britânica, representa o fim de uma era: depois desta Copa, a Adidas assumiu a tarefa de projetar e fabricar as bolas. A “Challenge 4-Stars” era feita de 25 painéis retangulares e não tinha marcas nem texto em sua superfície – as coisas mudaram muito desde então.
México, 1970
E assim surgiu a era da Adidas. Esta é a Telstar, que reúne as palavras “televisão” e “estrela” em inglês. O nome também poderia fazer referência ao satélite Telstar, que transmitiu a Copa naquele ano. A bola tinha 32 painéis hexagonais, assim como muitas bolas contemporâneas, e adotava as cores preto e branco para ser mais visível nas TVs preto-e-branco da época. Fomos tricampeões!
Alemanha, 1974
Para a Copa de 1974, a Adidas fez pequenos ajustes na Telstar – que foi um grande sucesso – incluindo um revestimento de plástico mais durável, tornando-a mais parecida com as bolas de futebol que conhecemos hoje. Para os jogos à noite, foram criadas bolas de cor branca e laranja:
Argentina, 1978
Nesse ano, a Adidas apresentou uma bola que o World Cup Balls descreve como “a mais popular em todo o mundo”: a Tango. Se você cresceu nos anos 80 e 90, esta bola será familiar para você: apesar de composta pelos mesmos 32 painéis de suas antecessoras, ela tinha impresso um design triangular único que ficava ótimo em movimento – assim como a dança que dá nome à bola.
Espanha, 1982
Mais uma vez, a Tango foi um sucesso enorme e a Adidas sabia disso. Assim, quatro anos depois, ela manteve a bola basicamente igual, exceto por uma coisa: um novo revestimento de poliuretano, que tornava a “Tango España” muito menos propensa a absorver água.
México, 1986
Como o design da bola não mudava muito, a Adidas lançou uma novidade: um desenho impresso baseado na cultura do país anfitrião – neste caso, uma simbologia asteca. A bola também se chamava “Azteca”.
Itália, 1990
Para outro país anfitrião, tivemos outra adaptação regional: a bola “Etrusco Unico” tinha desenhos que remetiam à civilização etrusca, que dominou parte da Itália por cinco séculos até serem subjugados pelos romanos.
EUA, 1994
Aqui, a tradição da Adidas começou a se desgastar: a Questra, bola usada na primeira Copa do Mundo nos EUA, foi decorada com estrelas e constelações. A justificativa da Adidas: esse era o mesmo ano do 25º aniversário da missão Apollo 11. Duas décadas após a última vitória, o Brasil foi tetracampeão.
França, 1998
Aqui tivemos a Tricolore, outra versão do clássico design Tango de 1978, novamente decorada com cores nacionais do país-sede. Mas há algumas alterações técnicas notáveis aqui: esta foi a primeira bola da Copa do Mundo a usar várias cores; antes, cores únicas eram consideradas mais fáceis de se ver no campo. Esta foi também a primeira bola a ser fabricada fora da Europa. Finalmente, foi a última Tango que veríamos na Copa do Mundo: depois disso, veio uma nova era de design de alto desempenho.
Coréia do Sul/Japão, 2002
A Fevernova ostentava um visual inspirado na Ásia, de acordo com a Adidas, bem como algumas grandes mudanças técnicas: por exemplo, materiais internos de alta performance como espuma sintática, um tipo de composto preenchido com “balões” ocos para diminuir o peso. Só que muitos críticos – e alguns goleiros – diziam que isso deixou a bola leve demais. De um jeito ou de outro: Brasil pentacampeão.
Alemanha, 2006
A +Teamgeist incorporou um novo design de 14 painéis e um grande avanço tecnológico: suas linhas de junção eram seladas por calor, em vez de serem costuradas. Isso significa que esta bola é completamente à prova d’água – a primeira em mais de um século de futebol.
África do Sul, 2010
A Jabulani foi uma das bolas mais odiadas de todos os tempos. Com oito painéis e uma superfície especial para melhorar sua aerodinâmica, ela deveria avançar o sucesso de sua antecessora. Em vez disso, os jogadores foram bastante críticos, dizendo que ela era imprevisível, “vergonhosa” e um “desastre”, comparando-a com uma bola barata que você encontraria em um supermercado. A NASA explica por que ela é tão ruim.
Brasil, 2014
Depois da Jabulani, todo mundo ficou atento à bola deste ano, a Brazuca. Ela tem apenas seis painéis, e está decorada com um padrão que traz algumas das cores da bandeira do Brasil. Nós fizemos um teste rápido com a Brazuca na sede da Adidas; confira aqui. A NASA também testou a bola – e aprovou.
Para acompanhar os detalhes da Copa do Mundo, siga a Trivela!