Botox na testa pode afetar a percepção das emoções no cérebro

Estudo sugere que o botox prejudica o "feedback facial", afetando a capacidade de entender a expressão das emoções dos outros
Imagem: Wind Ira/Unsplash/Reprodução

Já ouviu falar na teoria do feedback facial? Basicamente, ela diz que, ao vermos a expressão de raiva ou felicidade no rosto de outra pessoa, automaticamente flexionamos ou contraímos os músculos de nosso próprio rosto. Esse processo inconsciente envia sinais ao nosso cérebro, ajudando-nos a interpretar as emoções do outro.

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Vamos a um exemplo: se seu colega de trabalho sair franzindo a testa de uma reunião, você repetirá o movimento. Isso dirá ao seu cérebro que a outra pessoa está provavelmente brava, fazendo com que você se compadeça da situação e procure saber o que ocorreu.

Mas as pessoas que realizam procedimentos com botox acabam congelando os músculos de sua face. Segundo um novo estudo publicado na revista Scientific Reports, isso pode afetar a capacidade das pessoas em entender a expressão das emoções, já que interrompe o feedback facial. 

Os pesquisadores da Universidade da Califórnia em Irvine, nos EUA, chegaram a essa conclusão após analisar a atividade cerebral de 10 mulheres. As voluntárias tinham entre 33 e 40 anos. 

A equipe injetou botox nas participantes para induzir a paralisia temporária dos músculos na região glabelar (entre as sobrancelhas). Depois, apresentou às mulheres figuras de outras pessoas com expressões felizes, zangadas ou neutras. 

Foram realizadas ressonâncias magnéticas antes e duas semanas depois do procedimento. Então, os cientistas concluíram que a atividade na amígdala, parte do cérebro ligada ao processamento emocional, leu de modo diferente os rostos zangados ou felizes devido ao botox.

O estudo também identificou alterações no giro fusiforme – parte do cérebro que ajuda no reconhecimento facial e de objetos.

Estudos anteriores já haviam apontado prejuízos significativos na percepção da emoção em pessoas com botox. De toda forma, mais pesquisas são necessárias para provar uma relação causal entre o procedimento e a capacidade de entender outras pessoas.

Carolina Fioratti

Carolina Fioratti

Repórter responsável pela cobertura de saúde e ciência, com passagem pela Revista Superinteressante. Entusiasta de temas e pautas sociais, está sempre pronta para novas discussões.

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