Cérebro humano está há 160 mil anos praticamente estagnado, diz estudo

Cientistas sugerem que o formato do crânio mudou com o passar do tempo devido as alterações na dieta e estilo de vida dos humanos modernos
Imagem mostra crânio usado para estudo sobre o cérebro em humanos modernos.
Imagem: Universidade de Zurique/PNAS/Reprodução

Por muito tempo, pesquisadores pensaram que o cérebro dos primeiros Homo sapiens era bastante diferente do encontrado nos humanos contemporâneos. A hipótese é baseada no formato de crânios fossilizados, que sugerem que o órgão se tornou mais redondo com o passar dos anos. 

Mas a ideia pode estar equivocada. Um estudo publicado na revista científica PNAS sugere que o cérebro humano praticamente não sofreu alterações nos últimos 160 mil anos. Na verdade, a caixa craniana teria mudado e causado essa falsa sensação devido a dieta e estilo de vida adotados no passado.

Pesquisadores da Universidade de Zurique, na Suíça, analisaram os crânios de 50 hominídeos recuperados na Etiópia e em Israel. Além de Homo sapiens, havia ainda fósseis de Homo erectus e Neandertais para comparação.

A equipe utilizou tomografia computadorizada de alta resolução para restaurar os fósseis digitalmente e tornar a análise mais precisa. Então, comparou os crânios de hominídeos ancestrais a 120 espécimes de humanos modernos. 

O que chamou a atenção dos cientistas foram os fósseis infantis. Os crânios de crianças que viveram 160 mil anos atrás tinham o mesmo formato daquelas que ocupam a Terra hoje. Apenas as caixas cranianas adultas eram diferentes.

Para entender o que isso significa, é preciso estar atento a uma informação: o cérebro atinge cerca de 95% de seu tamanho total até os seis anos de idade. Logo, mudanças posteriores no formato da face não seriam relacionadas a evoluções do órgão. 

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A resposta para a mudança no formato da face estaria então, para os cientistas, na alimentação dos antigos caçadores coletores. Os humanos se tornaram agricultores há cerca de 12 mil anos atrás, ingerindo alimentos mais macios. A diminuição da mastigação teria levado aos traços mais sutis vistos nos rostos modernos. 

Essa não é a única hipótese. Os humanos modernos possuem caixas torácicas menores, além de menos capacidade pulmonar. Essa redução na ingestão de oxigênio e, consequentemente, a mudança na forma como as pessoas respiram pode ter influenciado o formato craniano.

Carolina Fioratti

Carolina Fioratti

Repórter responsável pela cobertura de saúde e ciência, com passagem pela Revista Superinteressante. Entusiasta de temas e pautas sociais, está sempre pronta para novas discussões.

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