Braceletes de rainha egípcia são a 1ª evidência do comércio entre Egito e Grécia
Uma análise de braceletes egípcios de 2.600 a.C. revelou novas informações inéditas sobre o comércio entre egípcios e gregos. As jóias estavam no túmulo da rainha Hetepheres, uma das mais influentes do Antigo Egito.
Os arqueólogos examinaram amostras dos braceletes, que são parte do acervo do Museu de Belas Artes de Boston, nos Estados Unidos. Então, determinaram que os artefatos eram feitos de materiais comuns das antigas joias egípcias: cobre, ouro e chumbo, com incrustações de pedras semipreciosas como turquesa, lápis-lazúli e cornalina.
Mas algumas das peças que compõem os braceletes, incluindo a que representa uma borboleta na foto acima, também continham vestígios de prata. Até agora, a origem da prata usada em artefatos egípcios do terceiro milênio era desconhecida.
Então, os pesquisadores analisaram os isótopos da liga metálica que compõe os braceletes e determinaram que o material se parecia com os minérios das Cíclades, um grupo de ilhas gregas no Mar Egeu, e com os de Lavrion, uma cidade no sul da Grécia. Isso sugere que gregos podiam trocar prata para os egípcios.
“Esta nova descoberta demonstra, pela primeira vez, a potencial extensão geográfica das redes comerciais usadas pelo estado egípcio durante o início do Império Antigo, no auge da era da construção das pirâmides”, disse Karin Sowada, autora do estudo e professora do Universidade Macquarie, na Austrália, em comunicado.
Como a prata grega chegou ao Egito
Segundo os arqueólogos, a prata usada nos braceletes egípcios provavelmente veio do porto de Biblos, no atual Líbano. Há muitos objetos de prata nos túmulos do quarto milênio no local, e a região fazia trocas com o Egito.
A equipe também concluiu que as pessoas que fabricaram os braceletes trabalharam o metal a frio, martelando e aquecendo frequentemente para evitar quebras. A liga metálica provavelmente contém ouro porque o metal pode melhorar a aparência e maleabilidade dos braceletes.
A rainha Hetepheres era representante direta da 4ª dinastia egípcia (cerca de 2575 a 2465 a.C.). Era esposa do faraó Snefru e mãe de Khufu, o faraó que encomendou a Grande Pirâmide de Gizé. Arqueólogos encontraram seu túmulo em Gizé, em 1925, onde havia muitos artefatos, como a cadeira de transporte da rainha, móveis dourados, cerâmicas, linho e joias, incluindo 20 dos braceletes analisados recentemente.
Na imagem que abre este texto, você vê um bracelete original encontrado no túmulo de Hetepheres, acima, e uma reprodução de 1947, abaixo.
O estudo que descreve a descoberta está no Journal of Archaeological Science: Reports.