Brasil lidera mortes por exposição à fumaça na América do Sul; indígenas são mais afetados

Incêndios florestais causam anualmente 2 mortes prematuras a cada cem mil pessoas na América do Sul; por aqui, essa taxa é seis vezes maior
exposição à fumaça imagem de incêndio florestal em rondônia
Imagem: Vinícius Mendonça/Ibama/Reprodução

Um estudo publicado na última quinta (4) revelou que os povos indígenas da Bacia Amazônica têm duas vezes mais chances de morrer prematuramente devido à exposição à fumaça de incêndios florestais do que a população sul-americana em geral.

No Brasil, a situação é pior. Esta condição é responsável anualmente por 2 mortes prematuras a cada cem mil pessoas na América do Sul; por aqui, essa taxa é seis vezes maior. Bolívia e Peru também representam focos de exposição à fumaça, com mortalidades maiores do que o restante do continente.

Os mais afetados são os povos indígenas, que muitas vezes estão localizados mais próximo aos incêndios florestais, são expostas a partículas de fumaça por períodos maiores e não têm acesso a água potável, cuidados médicos e materiais de higiene adequados.

“Embora os territórios indígenas sejam responsáveis por relativamente poucos incêndios na Bacia Amazônica, [estas pessoas] experimentam riscos de saúde significativamente maiores devido às partículas de fumaça”, afirma Eimy Bonilla, principal autora do estudo, em comunicado.

O estudo, liderado por pesquisadores da Universidade Harvard, nos EUA, também mostrou que a fumaça dos incêndios florestais na América do Sul causou aproximadamente 12 mil mortes prematuras todos os anos, entre 2014 e 2019.

Eles estimam que 230 dessas mortes anuais ocorreram em territórios indígenas, e a exposição a partículas de fumaça nocivas seria muito maior durante a estação seca da Amazônia, de julho a novembro.

Incêndios são perigosos à saúde porque liberam minúsculas partículas sólidas e poluentes na atmosfera. Os cientistas dão a essas partículas o nome de PM 2,5: trata-se de um material particulado (PM, na sigla em inglês) com apenas 2,5 micrômetros de diâmetro. É bem menor que um fio de cabelo humano, com aproximadamente 50 micrômetros. 

Por serem tão pequenas, estas partículas poluentes são perigosas. Elas podem penetrar profundamente em nosso sistema respiratório, atingindo os alvéolos pulmonares e até a corrente sanguínea. 

Por isso, a exposição à fumaça causa irritação nos olhos e na garganta, mas também problemas mais sérios – como doenças cardiovasculares e respiratórias, câncer de pulmão e até mesmo a ocorrência de partos prematuros.

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