Um brasileiro foi preso no estádio durante jogo da seleção graças ao sistema de segurança da Copa
O sistema de segurança montado pela FIFA e autoridades russas para a Copa do Mundo foi posto à prova por um brasileiro. Na última sexta-feira (22), durante o jogo entre Brasil e Costa Rica, Rodrigo Denardi Vicentini, de 31 anos, acusado de uma série de roubos a agências dos Correios no Espírito Santo, foi preso por agentes da Interpol de São Petersburgo dentro do estádio Zenith Arena.
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Tudo começou com uma pista que indicava que Rodrigo estava em São Petersburgo. Os investigadores brasileiros pensaram no óbvio: o que mais um brasileiro faria na cidade, se não assistindo ao jogo da seleção? A Polícia Federal então enviou uma notificação para a Interpol, que recebeu o chamado às 15h30 (do horário de Brasília).
A partir desse momento, eles tinham pouco mais de uma hora para tentar prendê-lo, tempo o suficiente graças aos bancos de dados montados pelas autoridades russas.
A busca pelas informações do suspeito começou pelas informações do FAN ID, um documento obrigatório para todo torcedor na Copa do Mundo e que serve como uma espécie de visto para entrar na Rússia e nos estádios.
O brasileiro não usou um disfarce muito sofisticado e apenas inverteu seu nome e sobrenome – deixando Denardi Rodrigo – em sua FAN ID e em seu passaporte italiano falso, o que facilitou o trabalho dos policiais.
Os dados da FAN ID mostravam que Rodrigo estava no setor B-107. Bastava fazer uma caçada por meio das câmeras de segurança do estádio, mas a polícia brasileira não tinha fotos atualizadas do suspeito. Uma força tarefa foi montada para tentar obter imagens recentes e em pouco tempo, as autoridades russas já tinham uma foto nova e vídeos de quando e como ele foi para o jogo.
Rodrigo Denardi Vicentini. Crédito: Polícia Russa
A polícia russa esperou ele se afastar da multidão e o prendeu dentro do estádio, no fim do jogo. Pelo menos Rodrigo conseguiu acompanhar a vitória sofrida da seleção.
O tribunal do distrito de Petrogrado, em São Petersburgo, disse que agora vai manter Vicentini por até dois meses como parte do pedido de extradição.
“(Ele) explicou ao tribunal que não é culpado de nada, que a polícia o estava tratando bem, pediu para ser solto, insistiu que não sabia nada sobre as acusações e que provavelmente tudo o que aconteceu foi um erro”, disse o tribunal em comunicado.
Ele é acusado de fazer parte de uma quadrilha que rendia servidores e clientes dos Correios em Vila Velha (ES). Em agosto de 2017, uma operação da Polícia Federal em conjunto com a Delegacia de Combate a Crimes Contra o Patrimônio e Tráfico de Armas (Delepat), do Espírito Santo, prendeu dois suspeitos, mas vários acusados ainda estão foragidos. Estima-se que R$ 230 mil tenham sido roubados.
Vicentini era considerado foragido desde 2017, quando foi para Londres, no Reino Unido, com um passaporte italiano. Da capital britânica, foi de carro até a Rússia para assistir aos jogos da Copa. Ele deve responder pelos crimes de roubo qualificado e associação criminosa armada, cujas penas chegam a 13 anos de reclusão.
[O Globo, Fontanka (1), (2)]
Imagem do topo: FIFA/Facebook