Buraco gigante no Chile rende multa de US$ 13 milhões a mineradora
A mineradora Ojos de Salgado poderá pagar US$ 13 milhões pelo buraco gigante aberto perto de suas jazidas na região do Atacama, no Chile. O valor equivale a R$ 68 milhões no câmbio atual.
A multa é resultado de quatro acusações da SMA, o Ministério do Meio Ambiente chileno. As denúncias responsabilizam a mineradora pelo sumidouro que apareceu no final de julho e já chega a 64 metros de profundidade.
Entre as acusações estão excesso de extração mineral desde 2019 e obras em áreas diferentes das aprovadas pelas autoridades. Isso teria afetado o aquífero do Rio Copiapó, disse o SMA em comunicado.
Segundo as autoridades, a mineradora modificou o sistema de drenagem das jazidas com a incorporação de piscinas subterrâneas para aumentar a extração. O excesso de água inundou outras minas e causou “danos irreparáveis” ao aquífero.
Outras multas incluem o possível descumprimento das condições estabelecidas para o transporte de minério – ou seja, os caminhões carregavam mais carga que o permitido. Isso fez com que os veículos transitassem com excesso de peso em via pública.
Agora, a Ojos de Salgado tem dez dias para apresentar um programa de solução sobre as acusações e 15 dias para apresentar sua defesa.
Além da multa milionária, a mineradora pode perder o direito de acesso às jazidas de cobre na comunidade de Tierra Amarilla, onde está o buraco. A cratera está a menos de 600 metros do núcleo de moradia local e há indícios de que não para de crescer.
“Mistério” solucionado
Os moradores de Tierra Amarilla estavam certos: o buraco gigante e com circunferência quase perfeita do Chile é consequência da exploração indevida da mineradora nas jazidas de cobre da região.
Não seria a primeira vez. Em novembro de 2013, a mesma comunidade presenciou o surgimento de uma cratera de 30 metros de profundidade depois de um colapso em uma mina a 450 metros da superfície. À época, o buraco ficava em uma das sete jazidas em operação.
Tierra Amarilla fica a 650 metros da capital chilena Santiago. A região é sede de uma vasta rede de minério de cobre no deserto do Atacama.
A mineradora Ojos de Salgado, porém, sempre negou que tivesse relação com o buraco gigante e garantiu que “não há risco à população”. Em entrevista anterior, o presidente Luis Sánchez, afirmou que o fenômeno se deve a múltiplos fatores, e não apenas à exploração de cobre em Tierra Amarilla.
Segundo ele, a composição do solo pode ter sido um agravante, assim como uma inundação ocorrida em 2017. Isso, segundo a mineradora, pode ter fragmentado o solo, que tem uma composição argilo-calcária. “Pode ter causado uma degeneração progressiva que faz com que os solos migrem, primeiro gerando buracos e depois afundando”, pontuou.