No ano passado, cientistas publicaram um artigo com um diagrama muito curioso: um círculo preto representando, em escala real em uma folha de sulfite, um buraco negro de 5 massas solares. O artigo levantava a possibilidade de o hipotético Planeta Nove ser um buraco negro muito pequeno. Se isso for mesmo verdade, como nós o encontraríamos?
O físico Edward Witten, famoso teórico do Institute for Advanced Study, tem uma ideia. Tudo o que é necessário é um exército de pequenas naves espaciais lançadas a laser com relógios realmente precisos.
O sistema solar, atualmente, possui oito planetas e uma série de planetas anões (incluindo o antigo planeta Plutão). Mas os astrônomos há muito se perguntam se poderia haver um grande nono planeta além de Netuno que até agora escapou dos telescópios. A evidência para este planeta deriva do estranho movimento coletivo de rochas após Netuno; elas parecem se mover como se outro objeto maciço, com massa entre cinco e dez vezes maior que a da Terra, estivesse orbitando por aí.
As pesquisas por telescópio não encontraram o Planeta Nove nem provaram que ele não existe. Mas em setembro passado, os cientistas James Unwin, da Universidade de Illinois em Chicago, e Jakub Scholtz, da Universidade de Durham, publicaram um artigo sugerindo que o Planeta Nove poderia ser um buraco negro que existe desde o início do universo e agora orbita o Sol.
Eles perceberam que haviam feito uma proposta provocativa e que sua teoria era improvável, mas esperavam que os cientistas abrissem suas mentes para procurar um nono planeta de maneiras diferentes, como nos telescópios de raios gama.
Witten levou a ideia um passo adiante e imaginou uma missão especificamente para caçar o Planeta Nove, assumindo que fosse um buraco negro, publicando seu artigo no servidor de pré-impressão arXiv physics. O trabalho não foi revisado por pares.
A missão proposta baseia-se na Breakthrough Starshot, em que lasers na Terra são usados para guiar e alimentar espaçonaves ultraleves pesando apenas alguns gramas cada. Witten propõe que você possa enviar milhares dessas naves espaciais viajando rápido o suficiente para atingir uma distância de 500 UA — a distância de Plutão ao Sol é de cerca de 40 UA, em média. Cada uma dessas naves envia informações de tempo de volta à Terra. Pequenas alterações em um dos relógios da espaçonave podem sinalizar que ela cruzou o forte campo gravitacional de um pequeno buraco negro.
Então devemos começar a construir essas naves? Não, ainda não. Witten disse que a proposta deve ser levada adiante após buscas em telescópios ou outras caçadas menos convencionais. E não seria fácil. “A cronometragem suficientemente precisa em uma espaçonave em miniatura pode ser o maior obstáculo para esse projeto, embora existam muitos outros desafios”, escreveu Witten.
Mas, olha só, a NASA está atualmente se preparando para testar um relógio atômico para a exploração no espaço profundo. Ou seja, algumas inovações estão no horizonte. É bom saber que temos um plano de backup para encontrar o Planeta Nove caso a pesquisa apenas com telescópios falhar.