Butantan estuda novas terapias contra picada de cobra em áreas remotas da Amazônia

Os cientistas pretendem utilizar um inibidor de metais pesados em pacientes vítimas de picada de cobra. Entenda como a técnica funciona
Butantan estuda novas terapias contra picada de cobra em áreas remotas da Amazônia
Imagem: Leandro Avelar/Wikimedia Commons/Reprodução

Na região amazônica, relatos de picadas de cobra são cinco vezes mais frequentes do que no restante do país. Pesquisadores do Instituto Butantan, em São Paulo, estão olhando para o problema. O grupo trabalha em terapias complementares para picada de cobra que ajudem a ampliar o acesso aos soros antiofídicos nesta região.

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A equipe não pretende criar fórmulas do zero, mas sim identificar medicamentos já disponíveis no mercado que possam minimizar os efeitos do veneno. Assim, os pacientes que vivem em regiões remotas e com difícil acesso aos hospitais ganham tempo para chegar até as unidades de saúde e receber a aplicação do soro.

O ideal é que o paciente seja tratado em até seis horas após levar a picada. Esperar além disso pode levar à necrose da área afetada, amputação do membro e até a morte. 

Os pesquisadores estão focados em inibidores usados para tratar intoxicação por metais pesados. O objetivo é bloquear a ação das metaloproteases – uma classe de toxinas abundante no veneno da jararaca –, que degradam a matriz extracelular e geram as hemorragias inflamações locais.

Agora, pense o seguinte: as metaloproteases carregam átomos de zinco e dependem dele para estarem ativas. Se você aplicar um medicamento capaz de remover o metal da enzima, a atividade é inibida. Esse é o plano. 

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O fármaco em questão pode ser recebido por via oral, o que facilita sua aplicação. Além disso, trata-se de uma droga que já passou por ensaios clínicos e tem mecanismos de ação e toxicidade conhecidos, o que permitirá aos cientistas agilizar o estudo e testá-la para a picada de cobra em humanos mais rápido.

O projeto conta com a parceria da Iniciativa Amazônia +10, que apoia pesquisas científicas sobre os problemas atuais da Amazônia. Além da nova terapia, a equipe também pretende desenvolver protocolos para que o soro antiofídico possa ser administrado com segurança em áreas remotas, já que hoje ele deve ser oferecido de maneira intravenosa por profissionais treinados e em unidades de saúde estruturadas.

Carolina Fioratti

Carolina Fioratti

Repórter responsável pela cobertura de saúde e ciência, com passagem pela Revista Superinteressante. Entusiasta de temas e pautas sociais, está sempre pronta para novas discussões.

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