Cabecear bola de futebol pode prejudicar desempenho cognitivo por até 24 horas

Um novo estudo com jogadores de futebol parece mostrar que golpes leves e repetidos na cabeça podem afetar a função cerebral dos atletas, pelo menos temporariamente. A pesquisa encontrou evidências de que os jogadores que cabeceiam a bola têm desempenho pior do que os que apenas chutam a redonda em testes simples de coordenação ocular […]
Foto: Getty Images

Um novo estudo com jogadores de futebol parece mostrar que golpes leves e repetidos na cabeça podem afetar a função cerebral dos atletas, pelo menos temporariamente. A pesquisa encontrou evidências de que os jogadores que cabeceiam a bola têm desempenho pior do que os que apenas chutam a redonda em testes simples de coordenação ocular e cognição por até 24 horas.

As lesões cerebrais traumáticas (LCTs) com sintomas visíveis, como problemas de memória a curto prazo ou dores de cabeça, podem variar de severas a leves. As leves muitas vezes são chamadas de concussões. Sabemos que por quanto mais LCTs alguém passa, incluindo concussões, maior a probabilidade de apresentarem sintomas duradouros ou um risco maior de futuros problemas neurológicos como o Alzheimer.

Mas esta pesquisa também começou a sugerir que lesões leves repetitivas que não causam sintomas — conhecidas como impactos subconcussivos na cabeça — podem afetar a saúde do cérebro.

A maior parte das pesquisas nesse campo se concentrou no estudo de pessoas no mundo real durante um período de tempo, como estudantes atletas durante uma temporada de futebol. Este novo estudo, publicado quinta-feira (13) no JAMA Ophthalmology, foi feito de modo randomizado e controlado, que é geralmente considerado um melhor padrão de evidência.

O teste recrutou 78 jogadores de futebol saudáveis ​​que frequentavam a faculdade, com pelo menos cinco anos de experiência no esporte, e os dividiu em dois grupos. Cada grupo brincou com uma máquina que disparou 10 bolas a cerca de 40 quilômetros por hora. Um grupo chutou as bolas, enquanto o outro dava de cabeça. Posteriormente, todos receberam dois testes amplamente utilizados que podem medir sutis problemas visuais ligados à cognição.

Em um teste, voluntários tentaram ler e falar rapidamente números de um dígito de vários cartões de uma só vez. O outro teste mediu a distância em que seus olhos perdiam o foco e passavam a ver a imagem dobrada à medida que um objeto se aproximava do meio do rosto — se a distância é maior, considera-se que a conexão entre cérebro e olho está mais prejudicada, e vice-versa.

Nos dois testes, jogadores que cabecearam a bola tiveram pior desempenho do que os que jogaram com os pés, descobriram os pesquisadores. Isso aconteceu nos testes realizados logo após o exercício, duas horas depois e um dia depois. Mas os cabeceadores relataram não se sentir pior fisicamente.

Os resultados, eles escreveram, “geram novas evidências de que impactos repetitivos subconcussivos na cabeça podem prejudicar a função neuro-oftalmológica”

Os ensaios clínicos são úteis para ajudar a provar uma ligação direta de causa e efeito entre dois fatores — nesse caso, impactos leves repetidos na cabeça e problemas cognitivos de curto prazo. Mas ainda há muitas perguntas sobre a gravidade desses impactos sutis da cabeça e se certos fatores de risco podem piorá-los.

Jogadores que começaram no esporte desde a infância ou que chutaram muito a bola podem ser mais afetados por esses golpes, por exemplo. Isso, porém, não é algo que os autores puderam testar neste estudo. Como o teste foi planejado para durar apenas um dia, eles também não conseguiram medir quanto tempo esses efeitos cognitivos duraram.

Se as pessoas realmente podem ser feridas por golpes de cabeça aparentemente inofensivos, podemos precisar de ferramentas para medir esse dano melhores do que apenas perguntar às pessoas se elas estão se sentindo bem. Para isso, escreveram os autores, deve haver mais pesquisas estudando se esses testes de visão podem ser uma “ferramenta clínica útil na detecção de lesões subconcussivas agudas”.

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