Caça-tesouros amador encontra artefatos de ouro enterrados há 1.500 anos

"Apenas um membro da nata da sociedade teria sido capaz de coletar um tesouro como o encontrado aqui", disse um pesquisador. Coleção de braceletes, medalhões e moedas data de 300 anos antes do início da Era Viking.
Imagem: Centro de Conservação Vejle

Arqueólogos da Dinamarca foram surpreendidos pela descoberta um enorme tesouro de ouro, datado da Idade do Ferro, perto da cidade de Jelling. Com cerca de 1.500 anos, as relíquias incluem medalhões do tamanho de um pires e moedas do Império Romano.

O caça-tesouros amador Ole Ginnerup Schytz havia acabado de adquirir seu rastreador de metal quando obteve permissão para sondar a propriedade de um colega de escola em Vindelev, cidade dinamarquesa que fica a 10 minutos de Jelling. Schytz estava na função há apenas algumas horas quando se deparou com a descoberta dos sonhos: um gigantesco tesouro dourado que data da Idade do Ferro dinamarquesa.

Arqueólogos do museu Vejle e do Museu Nacional da Holanda foram chamados para realizar uma escavação completa. No total, quase 1 quilo de ouro foi retirado do solo. Isso equivale a cerca de US$ 56 mil em ouro, pelos padrões atuais. O comunicado à imprensa feito pelo museu Vejle diz que esse é um dos “maiores, mais ricos e mais bonitos tesouros” já encontrados na Dinamarca.

O tesouro Vindelev Hoard, como agora é chamado, foi achado no local onde estava construída uma antiga maloca. Existia uma aldeia ali há cerca de 1.500 anos, aproximadamente 300 anos antes do início da Era Viking.

Investigador exibe um dos muitos itens encontrados no tesouro. Imagem: Museu Vejle

As relíquias incluíam bracteatas [medalha fina de metal], pingentes redondos de ouro, normalmente usados ​​como parte de um colar. Alguns eram do tamanho de um pires de café e decorados com inscrições rúnicas. Análise preliminares sugerem que as runas fazem referência à mitologia nórdica ou aos governantes contemporâneos, mas mais estudos são necessários. Um bracelete apresenta um pássaro e uma cabeça masculina que parece conversar com um cavalo. Uma inscrição rúnica na relíquia faz menção a “O Alto”, uma possível referência a Odin ou ao chefe que enterrou o tesouro, de acordo com o comunicado.

Close que mostra os detalhes de um dos braceletes. Imagem: Conservation Center Vejle

O estoque também incluía moedas romanas transformadas em joias. Uma moeda de ouro particularmente pesada data de Constantino, o Grande (272-337 d.C.), o imperador que, em 313 d.C., declarou tolerância ao cristianismo no Império Romano. Quando chegou a Vindelev, essa moeda de ouro já era bastante velha, o que aponta para a interconexão da Europa durante a Idade do Ferro — possibilitada pela conquista de terras e pelo comércio.

As fantásticas relíquias deverão virar parte da coleção de museus, mas têm também importância arqueológica. A existência de um tesouro de ouro dessa magnitude mostra que Vindelev era uma aldeia de destaque nessa época.

“Apenas um membro da nata da sociedade teria sido capaz de coletar um tesouro como o encontrado aqui”, explicou Mads Ravn, chefe de pesquisa do museu Vejle, em comunicado. “Embora o nome Vindelev possa ser relacionado à época da migração, não havia nada que indicasse que um senhor da guerra ou chefe anteriormente desconhecido vivesse aqui, muito antes do reino da Dinamarca surgir, nos séculos seguintes.”

Na verdade, o tesouro sugere a presença de um chefe que governou no início do século 6, durante a Idade do Ferro. O todo poderoso presumivelmente adquiriu essa riqueza e contratou os serviços de artesãos qualificados, que criaram os itens em um estilo desconhecido para os arqueólogos. Os pesquisadores, agora, terão que descobrir as circunstâncias que levaram o chefe a enterrar tanto ouro. As possibilidades incluem um cachê em caso de guerra ou oferenda religiosa, de acordo com o comunicado do museu. Outra possibilidade é que o governante tenha escondido o ouro de invasores ou mesmo dos habitantes de Vindelev.

Um dos vários medalhões encontrados no local. Imagem: Centro de Conservação Vejle

A possibilidade de que o chefe estivesse escondendo o ouro é algo peculiar. A Escandinávia foi uma região um pouco confusa durante esse período. E, por incrível que pareça, isso tem a ver com a erupção de um vulcão em El Salvador por volta de 539 d.C.

A erupção desencadeou um desastre climático em escala global, resultando em anos de perdas em safras e fome. As reservas de ouro desse período são bastante comuns na Escandinávia, incluindo uma reserva encontrada na ilha dinamarquesa de Hjarnø. O ouro enterrado pode ser resultado do caos social e político que se seguiu. 

As relíquias serão exibidas em um museu no início de 2022. Imagem: Centro de Conservação Vejle

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O Vindelev Hoard, em breve, será incluído como parte da exposição Viking do museu Vejle, que está programada para estrear em 3 de fevereiro de 2022.

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