Ciência

Cada narina pode sentir o mesmo cheiro de maneiras diferentes, diz estudo

Pesquisa evidencia que a narina que inala primeiro influencia a interpretação do cérebro sobre o cheiro, embora ambas sejam complementares
Imagem: Richárd Ecsedi/ Unsplash/ Reprodução

Quando você vai ouvir uma música e coloca um fone de ouvido, parte do som é entregue para a extremidade direita, enquanto o restante sai pelo lado esquerdo. Agora, uma nova pesquisa sugere que o mesmo aconteça com as narinas no momento de assimilar um cheiro.

Na audição, isso acontece para que o cérebro possa comparar as entradas de cada ouvido, a fim de ajudar as pessoas a localizar os sons. Já no olfato, pouco se sabia sobre o processamento dos cheiros. 

De modo geral, especialistas tinham conhecimento de que uma região do cérebro chamada córtex piriforme é responsável por receber e processar informações sobre odores. No entanto, os cientistas não tinham certeza se os dois lados desta estrutura reagem aos odores em conjunto ou de maneira independentemente.

Na realidade, os cheiros raramente atingem apenas uma das narinas. O que pode acontecer, segundo especialistas, é que o odor entre em uma ligeiramente antes que na outra. Ainda assim, pesquisadores estavam com uma dúvida: o cérebro pode aproveitar essas diferenças?

Os resultados foram publicados na revista Current Biology e sugerem que o cérebro realmente faz uso dos diferentes tempos de chegada.

Entenda a pesquisa

Para investigar este mecanismo, os pesquisadores testaram o processamento de cheiros pelo cérebro em pessoas que iam passar por cirurgia cerebral. 

Os participantes estavam acordados durante o procedimento, então os cientistas colocavam diferentes odores próximos ao seus narizes por meio de pequenos tubos.

Por vezes, o cheiro era exposto a apenas uma narina. Em outros momentos, eles acionavam ambas. Depois, os cientistas aproveitaram os eletrodos colocados nos cérebros dos pacientes para fazer leituras da atividade no córtex piriforme.

Cada narina sente cheiro de uma maneira

Eles perceberam que, quando um odor foi entregue a uma única narina, o lado do cérebro mais próximo a ela reagiu primeiro. Em seguida, houve uma reação no hemisfério cerebral oposto. 

“Parece haver realmente duas representações de odores, correspondentes às informações de odor provenientes de cada narina”, diz Naz Dikecligil, autora do estudo. 

Já quando expunham o cheiro a ambas as narinas simultaneamente, os dois lados do cérebro reconheciam o odor mais rapidamente. “Isso sugere que os dois lados se sinergizam até certo ponto, mesmo que um atrase o outro na codificação de um odor”, afirma Dikecligil.

De acordo com os pesquisadores, os resultados do estudo são consistentes com o que outros cientistas têm observado em trabalhos com modelos animais.

Segundo o estudo, é possível que esses sinais duplos exerçam um papel de verificar erros no momento de assimilar os cheiros. Dessa forma, o cérebro reúne evidências sobre o odor, para a pessoa identificar com precisão qual a fonte daquele aroma.

Bárbara Giovani

Bárbara Giovani

Jornalista de ciência que também ama música e cinema. Já publicou na Agência Bori e participa do podcast Prato de Ciência.

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