Algumas escolas primárias da Califórnia estão rastreando possíveis contágios de Covid-19 com ajuda de cães farejadores. Os animais conseguem sentir o cheiro dos compostos orgânicos voláteis, exalados pelo suor e associados às infecções pelo vírus.
Uma pesquisa, publicada em 24 de abril pela equipe do Departamento de Saúde Pública da Califórnia, mostra que o uso de cães farejadores no monitoramento do coronavírus reduziu o volume de testes de antígenos em 85%. Na triagem dos animais, apenas as crianças detectadas pelos cães fazem o teste.
Além da economia de testes e funcionários, o mais interessante do programa é o treinamento dos cães. Até agora, a Califórnia treinou dois animais: os labradores Rizzo e Scarlett. Eles passaram meses farejando meias usadas por pessoas infectadas por Covid em um laboratório.
Os cães alertavam quando detectavam meias com vestígios da doença. Quando acertavam, recebiam guloseimas em recompensa. A escolha das meias foi porque os pés estão entre os locais com mais suor do corpo, além da cabeça, axilas e virilha.
Depois que os cachorros aprenderam a detectar as meias que tinham, ou não, “cheiro” de Covid, a equipe de treino os colocou para cheirar os tornozelos das crianças. Na prática, os alunos ficam parados em fila atrás de uma cortina branca.
Os cachorros, então, passam por eles do outro lado, cheirando seus pés e canelas. Quando encontram o que procuram, eles sentam na frente dos pés da pessoa possivelmente contaminada.
Segundo os pesquisadores, os cães podem rastrear até 100 crianças em 30 minutos. “Não há necessidade de um esfregaço nasal invasivo – a menos que o cão indique você”, disse Carol Edwards, autora do estudo, à CNN.
Cães farejadores dão respostas certas
De abril a maio de 2022, os cães visitaram 27 escolas da Califórnia para rastrear a Covid em mais de 3,5 mil exibições. Nesse período, os cães acertaram 85 infecções e descartaram 3.411 casos.
Segundo os pesquisadores, os cães alertaram incorretamente 383 vezes e deixaram passar 18 casos positivos. Nos resultados finais, isso significa que eles têm 83% de sensibilidade e 90% de precisão quando se trata em detectar infecções por Covid.
Esses “erros” aconteceram mais vezes nas primeiras idas às escolas, uma vez que os cães se distraíam com as crianças e o ambiente escolar. Porém, à medida que eles passavam mais tempo nesses locais, a taxa de acerto aumentou.
“Para executar programas de teste de antígeno, são necessários muitos recursos de pessoal, cartões de teste e resíduos de risco biológico”, disse Edwards. “Por isso, não tenho dúvidas de que a longo prazo, os cães serão uma opção mais acessível [para detectar o vírus]”.
Agora, os pesquisadores querem treinar os cães farejadores de Covid para realizar testes em asilos.