Quando estão prestes a entrar em erupção, todos os vulcões se comportam de maneira parecida: eles começam a emitir gases, em especial dióxido de enxofre, que nem sempre vão vistos ou sentidos a olho nu.
Mas uma tecnologia promete ajudar: é a câmera ultravioleta SO2, equipamento capaz de medir e identificar os gases dos vulcões que ainda não chegaram à superfície.
Criadas na década de 2000, as câmeras ultravioleta SO2 viraram ferramentas importantes nas medições de gases de vulcões. O motivo: esses equipamentos conseguem adiantar a detecção do dióxido de enxofre, o que facilita na logística das áreas de risco.
Para medir esses gases, as câmeras ficam dentro ou próximas aos vulcões, sob a proteção de um invólucro de metal. Junto há uma bateria para alimentar o instrumento e, ao lado, um painel solar para o carregamento.
Apesar de eficazes, as câmeras ultravioletas custam caro e dependem da observação contínua de profissionais, o que dificulta a instalação em locais mais remotos. Na comparação, um desses equipamentos pode custar US$ 20 mil – mais de R$ 100 mil no câmbio atual.
Outra restrição é que eles dependem das condições meteorológicas para funcionar em perfeito estado. Isso significa que as câmeras ultravioletas detectam o gás vulcânico quando este se move no céu claro. Hoje existem esses modelos em operação contínua nos vulcões Lascar, no Chile (foto), e Kilauea, no Havaí.
Derrubando as limitações
Por causa das limitações, uma equipe da Universidade de Sheffield, da Inglaterra, criou uma câmera ultravioleta mais barata, com menos consumo de energia e capaz de medir as taxas de emissão dos vulcões continuamente.
Com custo reduzido nas peças e impressões em 3D, o design sai por cerca de US$ 5 mil. “Nosso instrumento usa um sensor não muito diferente dos sensores da câmera do smartphone. Ele é modificado para torná-lo sensível à luz ultravioleta, permitindo a detecção de SO2”, explicou Thomas Wilkes, um dos autores da pesquisa.
“Também apresentamos um software fácil de usar e disponível gratuitamente para controlar o instrumento e processar os dados adquiridos de maneira robusta”, afirmou. Isso deve fazer com que mais vulcanologistas acessem os dados da câmera.
Outro ponto é que o consumo de energia do sistema é baixo, com média de 3,75 Watts – ou seja, a metade do necessário para alimentar as câmeras ultravioletas tradicionais.