O campo magnético da Terra pode se inverter dentro de 100 anos

Cientistas publicaram um novo estudo que sugere que a mudança do campo magnético da Terra é mais rápida do que imaginávamos - e pode ocorrer em questão de 100 anos.

O campo magnético da Terra muda constantemente, e a cada 200.000 ou 300.000 anos, o norte e o sul invertem completamente. Atualmente estamos atrasados para uma dessas alterações – e cientistas agora dizem que ela pode acontecer em questão de 100 anos, mudando completamente a vida no nosso planeta de maneiras inesperadas.

Por muito tempo imaginou-se que essas inversões demoravam até 7.000 anos para se completarem, como diz um estudo de 2004 financiado pela National Science Foundation. Mas ao longo dos últimos anos outros cientistas sugeriram que as mudanças ocorrem a velocidades anteriormente não imaginadas. E um novo estudo publicado no Geophysical Journal International por uma equipe de cientistas da Europa e dos EUA dá mais detalhes sobre essas mudanças rápidas – sugerindo que a última alteração em 180 graus demorou apenas 100 anos.

Como eles percebem as mudanças no campo magnético que datam de centenas de milhares de anos atrás? Ao testar camadas de cinzas depositadas por erupções vulcânicas ao longo de 10.000 anos, encontradas em um leito de lago próximo a Roma. De acordo com um release da Universidade de Berkeley, as direções do campo magnético estão “congeladas” nessas camadas de cinzas, o que pode ser datado de forma confiável para saber quando as conversões ocorreram e quanto tempo levou para elas completarem. “Não sabemos se a próxima inversão vai ocorrer de repente, como foi esta, mas também não sabemos se ela não vai” disse Paul Renne, um dos autores do estudo.

Esse mapa mostra como, começando a cerca de 789.000 anos atrás, o polo norte que vagava ao redor da Antártida havia milhares de anos mudou para a orientação que conhecemos hoje, com o polo em algum lugar do Ártico. Via Berkeley.

Esse mapa mostra como, começando a cerca de 789.000 anos atrás, o polo norte que vagava ao redor da Antártida havia milhares de anos mudou para a orientação que conhecemos hoje, com o polo em algum lugar do Ártico. Via Berkeley.

Sabemos há bastante tempo que o campo magnético da Terra está mudando. Sabemos, por exemplo, que o Polo Norte se moveu quase 900 quilômetros nos últimos 200 anos. Também sabemos que, como observado por três satélites da Agência Espacial Europeia, o campo magnético da Terra está ficando mais fraco em alguns pontos e mais forte em outros. Também sabemos que as correntes de mudanças já forçaram algumas alterações no mundo humano: aeroportos que nomeiam suas pistas de acordo com direções de bússolas foram obrigados a alterar o nome por causa disso.

Então não é surpreendente que a alteração completa seja iminente. O estudo sugere como isso pode afetar a forma como vivemos na Terra. Um campo enfraquecido pode, por exemplo, significar menos proteção para humanos contra raios perigosos que causam câncer, o que significa que a taxa de câncer pode crescer. E o impacto infraestrutural de um campo alterado pode também causar problemas no grid de eletricidade e em outros sistemas sensíveis.

Para nós, humanos de vida curta, essas mudanças são normalmente impensáveis geologicamente. É fascinante aprender que, apesar de provavelmente não testemunharmos uma alteração dessa magnitude, outros da nossa espécie poderão passar por ela. [Berkeley]

Imagem: daulon.

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