Você fica cansado depois de uma videoconferência? Há 4 motivos para isso

Pesquisador de psicologia da Universidade de Stanford explica por que videoconferências cansam tanto e como melhorá-las.
Imagem: Olivier Douliery (Getty Images)

Quem começou a trabalhar de casa por causa da pandemia provavelmente fez várias reuniões por videoconferência. Se você se sentiu cansado depois de muitas ou até depois de uma, saiba que você não está só — muita gente relata isso, e a sensação ganhou até um nome: “Zoom fatigue”, ou “fadiga do Zoom”. A questão é séria, e um pesquisador da Universidade de Stanford, nos EUA, estudou a plataforma para entender por que ela causa tanta exaustão. São quatro motivos e, felizmente, todos eles podem ser solucionados ou mitigados.

A pesquisa foi feita pelo professor Jeremy Bailenson, fundador do Laboratório de Interação Virtual Humana de Stanford. Em um artigo publicado no periódico Technology, Mind and Behavior no último dia 23, Bailenson faz uma análise extensiva do Zoom (mas que também pode ser aplicada a outras plataformas, como o Google Meet ou o Skype, da Microsoft) do ponto de vista psicológico. O pesquisador encontrou quatro motivos para as chamadas de vídeo serem tão cansativas.

O primeiro ponto é que há muito contato visual e as câmeras geralmente colocam os rostos de nossos colegas de trabalho e amigos em uma proporção irreal, muito próxima de nós. Além disso, mesmo que você esteja quieto, ainda vê todos os olhares voltados para você — isso nunca aconteceria em uma reunião presencial.

O segundo aspecto é que o Zoom geralmente mostra nossa própria imagem na tela, o que é bem esquisito, se você for parar para pensar — ninguém conversa com outras pessoas olhando o tempo todo para o espelho.

O terceiro fator é que todos ficamos presos diante da tela. As chamadas de vídeo exigem que fiquemos praticamente estáticos diante de uma webcam. Se você estivesse em uma sala com outros funcionários, você poderia ficar em pé, se sentar de novo, andar um pouco até a janela, mas tudo isso está limitado nas videoconferências. Bailenson lembra que há pesquisas que mostram que se movimentar ajuda a cognição.

O quarto e último motivo é que a comunicação não-verbal é muito diferente nas reuniões por vídeo. Por isso, elas exigem muito mais trabalho do nosso cérebro. Coisas simples, como acenar positivamente com a cabeça ou dar tchau, precisam ser exageradas para serem captadas adequadamente pela webcam, o que demanda mais atenção e trabalho do cérebro. Além disso, gestos sutis que dizem muito — uma olhada para o lado, por exemplo — ficam bastante comprometidos.

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Calma, tem solução

No Brasil, estamos enfrentando um novo pico da pandemia e muito provavelmente ficaremos mais um tempo trabalhando de casa e fazendo reuniões por vídeo. Enquanto não chega uma grande mudança de interface no Zoom ou em algum concorrente, Bailenson dá algumas dicas para tentar pelo menos reduzir os problemas das conferências online.

  • Não use o modo de tela cheia.
  • Se possível, reduza a janela do aplicativo para que ninguém fique com a cabeça muito grande (e, portanto, dando a impressão de estar muito próxima de você).
  • Tente se afastar da tela e use um teclado sem fio.
  • Oculte a imagem da sua própria webcam.
  • Fique um pouco mais longe da câmera. Se possível, tente fazer anotações, diagramas ou desenhos em papel.
  • Tente combinar com seus colegas momentos para desligar o vídeo nas chamadas. Assim, vocês têm um descanso do trabalho não-verbal.
  • Faça intervalos: desligue a câmera e vire para longe da tela para deixar de prestar atenção nos gestos dos seus colegas.

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