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Sem vacina, menino de 6 anos pega tétano, e tratamento chega a quase US$ 1 milhão nos EUA

Um novo caso reportado pelo CDC (Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA) destaca o custo de não vacinar crianças. O estudo fala especificamente de um menino de 6 anos que não foi vacinado e que contraiu tétano. O resultado, além da dor de cabeça para família, foi uma conta gigantesca e um […]

Visão fotomicrográfica da Clostridium tetani, a bactéria que causa o tétano. Crédito: CDC

Um novo caso reportado pelo CDC (Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA) destaca o custo de não vacinar crianças. O estudo fala especificamente de um menino de 6 anos que não foi vacinado e que contraiu tétano. O resultado, além da dor de cabeça para família, foi uma conta gigantesca e um bom tempo para tratá-lo.

O tétano é causado pela bactéria Clostridium tetani. Mais precisamente é o que acontece quando a C. tetani, que adora o solo, age quando entra em seu corpo — geralmente por meio de um corte aberto — e solta uma toxina extremamente potente. Esta toxina pode paralisar e enviar para seus músculos espasmos constantes, começando pela mandíbula.

Esses espasmos podem se espalhar para o peito, para as costas e para o intestino, levando a fraturas sérias, problemas de respiração e até mesmo a completa perda do controle intestinal. É uma doença brutal que pode levar meses para o paciente se recuperar. Mesmo com tratamento, 10% das vítimas acabam morrendo nos Estados Unidos.

De acordo com os autores, o garoto de 6 anos idade, proveniente do Estado do Oregon, teve um raspão na testa enquanto brincava em uma fazenda em algum momento de 2017. O ferimento foi limpado e suturado em casa, mas seis dias após o incidente, ele começou a ter espasmos musculares e trismo (contratura involuntária da mandíbula). Ele então começou a ficar com as costas e o pescoço arqueados. Ele também mal conseguia respirar, o que levou sua família a procurar por ajuda.

O garoto foi levado de helicóptero para o hospital, sem poder beber água, pois ele não conseguia nem abrir a boca. Lá, ele recebeu vacinas antitetânicas. Depois, ele passou 47 dias seguidos em uma UTI (Unidade de Tratamento Intensivo), tendo que usar um sistema de ventilação mecânica para poder respirar, além de medicamentos constantes via soro para controlar a dor, a pressão sanguínea e os espasmos musculares. Após três dias, ele conseguiu caminhar por 6 metros com algum tipo de ajuda, mas ele ainda precisava de mais duas semanas de reabilitação para recuperar completamente o uso de suas pernas e corpo.

Ao todo, ele passou 57 dias no hospital, com uma conta de US$ 811.929, isso sem contar o transporte aéreo e todos os cuidados com reabilitação. Para se ter uma ideia, isso é 72 vezes maior que o custo médio de estadia de uma criança no hospital, segundo a pesquisa citada pelos autores. E isso é ainda muito mais caro que a administração de vacina de DTap (Difteria, Tétano e Coqueluche), que pode custar cerca de US$ 30 por dose.

No Brasil, mesmo com vacinação gratuita, o tétano ainda é um problema de saúde pública. Nos últimos 9 anos, teve quase 1.000 mortes causada pela doença — a maioria delas entre homens pardos e aposentados. A região de maior incidência é a Nordeste.

Voltando ao caso do menino, os médicos disseram que este é a primeiro ocorrência de tétano infantil reportado em Oregon em 30 anos. Entre 2009 e 2015, no entanto, houve 197 casos de tétano e 16 óbitos relatados nos Estados Unidos. E entre esses casos, teve pelo menos um adulto com uma conta hospitalar que atingiu US$ 1 milhão.

O relatório não explica por que a família do garoto era contra vacinação. E a principal autora, Judith Guzman-Cotrill, professora de pediatria da Universidade de Ciência e Saúde do Oregon, disse ao Gizmodo que ela não poderia revelar detalhes da família sobre o caso, incluindo as razões deles por não terem levado a criança para tomar vacina. No entanto, ela observou que o caso deveria servir como lembrete para as pessoas tomarem vacinas, especialmente contra o tétano. Isso porque o tétano só é transmitido pelo contato direto com superfícies contaminadas, e não de pessoa para pessoa, como ocorre com a gripe. Então, confiar que as outras pessoas estejam vacinadas — também conhecido como imunidade de grupo — não vai proteger as pessoas das bactérias, que estão presente em praticamente qualquer lugar no solo.

“Por isso, a vacinação de rotina para todos, incluindo reforços de doses (por aqui, é recomendado a cada dez anos), é muito importante para prevenir doenças”, disse Guzman-Cottrill ao Gizmodo.

A história termina feliz para o garoto. Um mês depois, ele estava de volta às suas atividades normais e usando sua bicicleta novamente. No entanto, parece que a família não aprendeu a lição. Apesar do caso do menino e a ordem de médicos, eles decidiram não vaciná-lo contra tétano e outros tipos de doenças.

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