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Chimpanzés conseguem lembrar rostos que não veem há mais de 20 anos, diz pesquisa

Habilidade de lembrar dos aliados é fundamental para a vida social complexa dos chimpanzés, onde relações sociais desempenham um papel crucial

Chimpanzés insetos

Os chimpanzés são conhecidos por terem uma memória excepcional, especialmente quando se trata de lembrar rostos e relacionamentos. Um novo estudo, publicado no último mês na Psychological and Cognitive Sciences, reforça ainda mais essa fama.

De acordo com a pesquisa, realizada por cientistas da Universidade da Califórnia (EUA), os chimpanzés e os bonobos podem, de fato, lembrar rostos mesmo após longos períodos, como mais de 20 anos.

Essa capacidade de reconhecimento facial e de memória é um aspecto crucial de sua inteligência social. A autora do artigo, Laura Lewis, e sua equipe estudaram 26 macacos mantidos no Zoológico de Edimburgo, na Escócia, no Santuário Kumamoto, no Japão, e no Zoológico Planckendael, na Bélgica.

Em cada instalação, os pesquisadores colocaram um computador na cerca do recinto dos macacos e exibiram imagens dos animais no monitor. Um canudo preso à cerca permitiu que os macacos bebessem suco enquanto olhavam as fotos.

Depois de dar aos macacos alguns meses para se aclimatarem, Lewis e seus colegas começaram seu experimento. Enquanto os animais bebiam o suco, o computador exibia pares de rostos de macacos durante três segundos de cada vez.

Em cada par, um dos rostos era de um estranho e o outro de um velho companheiro que o macaco não via há anos. Os cientistas usaram uma câmera infravermelha para filmar os movimentos oculares dos animais.

Então, se os macacos não se lembrassem dos seus antigos companheiros, os cientistas esperavam que passassem o mesmo tempo a olhar para ambas as imagens.

Mas o resultado foi interessante. Os macacos passaram consistentemente mais tempo olhando para seus antigos companheiros. Um forte sinal de que eles reconheciam os antigos amigos.

Vantagens dos chimpanzés reconhecerem velhos amigos

Essa habilidade notada pelos cientistas é fundamental para a vida social complexa dos chimpanzés, onde relações sociais, hierarquias e alianças desempenham um papel crucial.

A capacidade de lembrar rostos ao longo do tempo contribui para a adaptação desses primatas em seus grupos sociais e ambientes.

“Em nossa evolução humana, enfrentamos ambientes onde vivemos socialmente, mas não próximos uns dos outros o tempo todo, e as populações estão cada vez mais dispersas”, disse Lewis ao jornal NY Times.

Essa habilidade pode ser util na hora de formar alianças. Os cientistas explicam que uma fêmea bonobo, por exemplo, normalmente deixa o grupo de sua mãe para se juntar a outro grupo pelo resto da vida. Se os dois grupos se encontrarem anos depois, ela poderá formar uma aliança com velhos conhecidos.

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